VOLKSWAGEN – Alemanha. Automóveis. 1934.
O conceito de carro popular nasceu com os Ford T nos Estados Unidos. Barato, econômico e fácil de fabricar, seu objetivo era ser acessível ao cidadão com pouca grana. Baseado na experiência dos EUA, o governo alemão também pensou em estimular a construção de veículos similares no país. No início da década de 1930 eles convidaram o já famoso projetista Ferdinand Porsche para apresentar um protótipo. A pesquisa durou bastante tempo. Porsche até visitou a fábrica da Ford em Detroit, em busca de mais informações sobre modo de produção dos automóveis americanos.Nesse meio tempo Adolf Hitler chega ao governo da Alemanha. O projeto é apoiado e, em 1936, Porsche apresenta para teste os primeiros protótipos do veículo. As avaliações são excelentes, tanto que Hitler ordena que sua Frente Alemã do Trabalho (FAT) fique responsável por viabilizar a idéia. Dentro da FAT havia a Kraft durch Freude (KDF), concebida especificamente para oferecer melhorias à qualidade de vida dos moradores da Alemanha.
A KDF libera verba para a fabricação do então batizado Kdf-Wagen, o primeiro carro popular alemão. No entanto, a II Guerra Mundial se inicia e interrompe a construção dos veículos. Todo o maquinário da indústria é destinado para a montagem de veículos com objetivo bélico. O projeto é esquecido, mesmo que temporariamente.
Em 1944 os aliados bombardeiam a fábrica, destruindo-a completamente. Hitler perde a guerra e a Alemanha entra em mais uma crise. No pós-guerra ninguém se interessa pelos projetos ou por dar continuidade à fabricação do Kdf-Wagen. Nenhum dos países aliados, à época administrando a Alemanha, mostram qualquer plano para retomar a produção.
Porém, quando tudo parece perdido, eis que surge o senhor Heinrich Nordhoff, um alemão determinado a reerguer o sonho do carro popular alemão. Depois de conseguir algum apoio financeiro, ele retoma a fabricação dos veículos baseados nos consagrados projetos de Porsche.
Logo no início da retomada, o nome muda de KDF Wagen para Volksauto e mais tarde para Volkswagen, expressões em alemão que significam “carro do povo” ou “carro popular”. Com ajuda da Chrysler, o modelo chega aos EUA e não é bem recebido inicialmente, tendo vendido apenas duas unidades em um ano. No entanto, com boa propaganda associada à excelente mecânica do carro, logo o Volkswagen torna-se um sucesso tanto nos Estados Unidos quanto na Europa.
Curiosidades de Sobremesa
1 – Para que fique bem claro, pois muita gente ainda confunde. Volkswagen é o nome dado ao primeiro carro fabricado pela empresa no pós-guerra. Aqui esse modelo de automóvel é conhecido como fusca. Somente mais tarde o termo Volkswagen passou a referir-se à fábrica.
2 – O fusca, por muito tempo único produto da nova Volkswagen, é o modelo de carro mais vendido do mundo.
3 – Isso só foi possível com a entrada no mercado norte-americano. Lá o carro não era bem visto, pois o gosto dos yankees era pelos carros enormes. Além disso, tinha o fato do fusca ter sido criado pelos nazistas. No entanto, tudo isso mudou com campanhas de publicidade absolutamente inovadoras, criadas pela agência Doyle Dane Bernbach. As propagandas feitas para o fusca eram de uma sinceridade nunca vista na mídia até então. Ao contrário do mercado publicitário da época, que elogiava e enfeitava seus produtos e anúncios, a Doyle Dane Bernbach publicava páginas praticamente em branco, com uma pequena foto monocromática do automóvel ao fundo. No rodapé da página, em letras pequenas, lia-se “Think Small” (pense pequeno), frase seguida de uma lista com as vantagens do fusca, que incluíam o baixo preço e o baixo consumo de combustível. A iniciativa da agência entrou para a história da propaganda.
4 – Quando chegou ao Brasil, o Volkswagen ainda levava esse nome. Acontece que a palavra volkswagen não é fácil de falar na nossa língua. Então logo arranjaram um apelido para o carro, que passou a ser chamado de volks (folks, na pronúncia em alemão). Porém, caro leitor, a língua e dinâmica e bem sabem os lingüistas que ela busca a facilidade. Por isso logo o volks foi aportuguesado, transformando-se em fusca.
5 – O nome do fusca muda de país para país. Nos Estados Unidos é beetle; na França é coccinell; na Alemanha é Käfer; no México é vocho; em Portugal é carocha e na Itália é maggiollone.
3M – Estados Unidos. Diversos. 1902.
Boas invenções podem fazer de uma empresa pequena um negócio bilionário. Que o diga a Minnesota Mining and Manufacturing Co., mais conhecida por todos pela soma dos seus três emes.Atuando inicialmente no setor de mineração, a companhia não conseguiu prosperar. Depois de ser salva por alguns investidores, mudou de ramo e passou a fabricar abrasivos para a indústria. A primeira grande invenção foi uma lixa à prova d’água vendida aos montes no mercado automobilístico.
A partir daí, três princípios ajudaram a construir o império da 3M: a obsessão pelo controle de qualidade dos produtos, algo que à época não era nada comum; atenção às necessidades dos clientes; e investimento em inovações.
A união dos três tornou a companhia forte, mas as invenções trouxeram o dinheiro. Foram eles que inseriram no mercado a fita crepe, o durex e o post-it, entre muitos outros. Com essas “minas de ouro”, o empreendimento tomou fôlego e acabou crescendo ainda mais, tendo sempre como companheiro fiel o espírito de inovação.
Hoje é um monstro constituído por seis segmentos de negócio: Consumo e Produtos para Papelaria e Escritório; Display e Comunicação Gráfica; Eletrônicos e Comunicações; Cuidados com a Saúde; Mercados Industriais; Produtos e Serviços para Segurança, Limpeza e Proteção e Transportes.
Curiosidades de Sobremesa
1 – 25% da população mundial usa pelo menos um produto da empresa por dia.
2 – Dos muitos produtos inventados pela 3M, podemos destacar uma espuma especial criada para apagar os poços de petróleo incendiados por Saddam Hussein no Kwait durante a Guerra do Golfo.
3 – O berçário de idéias só existe por que a empresa investe 6% de tudo que arrecada em pesquisa. São 6500 cientistas trabalhando no desenvolvimento de novas tecnologias.
4 – Essa filosofia de incentivar invenções surgiu na 3M pelas mãos de William McKnight, dirigente da empresa durante 17 anos. McKnight acreditava numa máxima interessante, que resumia bem a sua proposta. Ele dizia “Ouça qualquer pessoa que tenha uma idéia original, não importa o quão absurda possa parecer à primeira vista”.
5 – A partir de 2002 a empresa teve seu nome mudado apenas para 3M.
HARLEY-DAVIDSON – Estados Unidos. Motocicletas. 1903.
Quando o assunto é motocicletas, nenhuma empresa tem a aura da Harley-Davidson. A marca é resultado da união dos sobrenomes de Bill Harley e os irmãos Arthur e William Davidson, três jovens mecânicos de Milwauke. Inicialmente trabalhando como empregados na manufatura de peças para veículos, os futuros sócios decidiram instalar um motor numa bicicleta.A idéia inicial era apenas curtir, construir algo. Porém rapidamente a insistência deles em melhorar as motocicletas fez com que surgisse um produto de grande qualidade. O quadro bem desenhado e o motor resistente impressionaram os primeiros compradores. A fama de durona das motos HD se espalhou e a fábrica passou a produzir cada vez mais.
O maior impulso veio do governo dos EUA. Por sua qualidade e durabilidade, as motos da empresa foram compradas aos montes pelo Exército para serem usadas durante a I Guerra Mundial.
Terminado o conflito, a empresa sofreu uma grande queda após 1929 em virtude da crise econômica. Porém outra grande guerra surgiu e milhares de motos foram vendidas novamente ao governo. Para ajudar o cinema popularizava ainda mais as motocicletas, mostrando grupos de jovens “selvagens” rodando pelas estradas americanas.
Na década de 70, apesar de já estabilizada, a Harley-Davidson não conseguiu prever o que viria e sofreu um duro golpe com a entrada das motos japonesas no mercado norte-americano.
Mais baratas e econômicas, as japas acabaram com a indústria americana de motocicletas. No entanto, a Harley-Davidson não se entregou, usando uma tática genial para retomar as vendas.
A idéia foi simples: enquanto o Japão produzia “motinhas” econômicas e baratas, a Harley-Davidson optou por segmentar seus produtos, fabricando motos “de verdade”, com motores cromados e potentes, guidons inovadores e pinturas que encantavam os olhos dos consumidores. O resultado foi uma mudança na imagem do produto, que se tornou um ícone da contra-cultura nos EUA, sendo hoje não somente uma marca famosa, mas também o símbolo máximo de um estilo de vida.
Curiosidades de Sobremesa
1 – A primeira moto construída pela empresa foi feita nos fundos da casa de um de seus sócios fundadores em 1903.
2 – Mais tarde, no mesmo local, foi construído um prédio que ainda hoje abriga a administração da companhia.
3 – A popularização da marca Harley-Davidson ganhou muito força em 1969 com o lançamento do filme Easy Rider (Sem Destino). A produção conta a história de dois hippies que resolvem atravessar os Estados Unidos com suas motocicletas (adivinha de que marca?). Durante o caminho eles curtem a liberdade, mas também sofrem com o preconceito da puritana cultura norte-americana. Vale a pena assistir.
4 – “Prefiro empurrar uma Harley-Davidson a pilotar uma Honda”. Esse é o lema de um clube de motoqueiros de Nova Iorque.
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