COTONETES – Estados Unidos. Cotonetes. 1920.
Em inglês, uma pequena haste com um pedaço de algodão na ponta se chama cotton swab, “esfregão de algodão” numa tradução literal. Essa invenção é antiga, muito usada na medicina durante tratamentos que incluem limpeza de feridas ou de orifícios. E foi justamente um médico, o doutor Leo Gerstenzang, que popularizou o uso da cotton swab. Sua grande sacada foi redirecionar o uso do produto para a higiene dos ouvidos, principalmente das crianças, criaturas que não conseguem se limpar sozinhas.Gerstenzang batizou o novo produto de Q-tips, um acrônimo que une a primeira letra de quality (qualidade) e tips (pontas), referência ao pedacinho de algodão na extremidade do palito. Leo teve realmente uma grande idéia e fez muito dinheiro nos Estados Unidos. No entanto, nós só conhecemos seu produto graças à Johnson & Johnson. Eles passaram a fabricar o invento também, batizado-o simplesmente de Johnson & Johnson Cotton Swabs. Foram eles que trouxeram o invento ao Brasil.
Quando chegou ao nosso país, a denominação teve que mudar, pois sua pronúncia era inacessível à maioria dos brasileiros. A solução foi inventar um termo que acabou por unir cotton (sem um dos t’s) ao sufixo ete (cotonete), muito usado no diminutivo de diversas palavras.
Curiosidades de Sobremesa
1 – Gerstenzang primeiramente batizou seu invento de Baby Gays, que traduzido se torna algo como Bebês Alegres. Mais tarde ele aumentou a denominação, transformando-a em Q-Tips Baby Gays, para depois reduzir e finalmente definir a marca como simplesmente Q-Tips. Essa marca, aliás, é a mais conhecida nos EUA.
2 – A marca original da Johnson & Johnson é no plural: Cotonetes.
3 – No Brasil o termo se substantivou e todo mundo chama a “haste flexível com algodão na ponta” de cotonete.
4 – O algodão usado nos cotonetes da Johnson & Johnson recebe um pouco de Triclosan (0,4%) para evitar contaminação por bactérias.
KELLOGG’S – Estados Unidos. Cereais. 1906.
Todos concordamos que o café da manhã norte-americano não é o mais normal de todos. Bacon com ovos? Não parece muito gorduroso? Quando não comem isso optam pelos sucrilhos, sejam eles feitos de milho, arroz ou cobertos de chocolate ou açúcar.
Esse hábito alimentar dos EUA que se espalho pelo mundo começou por causa do Doutor John Harvey Kellogg. Médico e dono de um sanatório, ele acreditava que a qualidade da alimentação de seus pacientes era um fator determinante no processo de cura. Sendo assim, procurando criar um novo alimento, saudável e nutritivo, ele pegou um grão de milho, amassou e depois torrou num forno. Ele chamou a nova comida de Toasted Corn Flakes. Os pacientes gostaram muito, especialmente no café da manhã.Nesse ponto entra na história Will Keith Kellogg, irmão de John. Will não era doutor, mas era um excelente homem de negócios. Na mesma hora ele notou que o Toasted Corn Flakes poderia ter valor comercial. Desse modo, em 1906, ele se associou ao irmão e abriu a Battle Creek Toasted Corn Flake Company.
Rapidamente o alimento ganhou o gosto popular e tornou-se a base do café da manhã dos norte-americanos, especialmente após o surgimento do Sugar Frosted Flakes. Esse produto esquecia da vertente saudável do Doutor Kellogg e trazia açúcar.
Curiosidades de Sobremesa
1 – A palavra sucrilho é uma mistura entre o termos sugar (açúcar), crisp (crocante) e milho. Só é usada no Brasil.
2 – O tigre Tony, mascote da empresa, foi criado em 1952.
3 – Nos países da América que falam espanhol o nome é Zucaritas. O nome do tigre é Toño.
4 – Battle Creek era o nome do sanatório do Doutor John Harvey Kellogg.
5 – A noção de sanatório no início do século XX era outra. Tratava-se de um local para tratamento de todos os tipos de doença, não só para casos de problemas mentais.
6 – Os irmãos Kellogg eram da Igreja Adventista.
7 – O nome da companhia tornou-se Kellogg em 1922.
MAIZENA – Estados Unidos. Amido de Milho. 1854.
O milho foi domesticado pela humanidade na América e chegou na Europa logo após as primeiras incursões ao Novo Continente. É claro, os europeus até pensaram em comer a novidade, mas na verdade ela fez sucesso mesmo engomando tecidos.Em meados do século XIX os ingleses William Brown e John Polson entraram no negócio de vender farinha de milho para fazer goma. O diferencial da empresa deles era a qualidade do produto. Depois de algumas pesquisas, por meio de um processo químico, eles conseguiram extrair o amido do milho, criando uma farinha muito fina e com excelente resultado na aplicação sobre o tecido.
Porém, não seriam os ingleses os responsáveis pelo que conhecemos hoje como Maizena. Atravessando o Oceano Atlântico, nos Estados Unidos, o senhor Thomas Kingsford chegou ao mesmo processo e à mesma farinha criada na Europa. Logo abriu sua própria empresa e passou a vender o novo produto, um verdadeiro sucesso comercial.
Kingsford não ficou só na goma, viu o potencial do amido para a indústria alimentícia. Porém foi um de seus funcionários, Wright Duryea, que levou o segmento mais a sério. Depois de pedir demissão ele criou a Fábrica de Amido Rio Oswego que mais tarde se tornaria a Companhia Produtora de Amido Duryea.
O primeiro produto da empresa foi batizado de maizena. O termo surgiu de maíz, palavra espanhola que significa milho e tem origem num idioma falado por indígenas do sul do México. O nome Maizena tornou-se tão popular no Brasil que ganhou lugar nos dicionários da Língua Portuguesa. Até mesmo Bombril e Gillette, dois bons exemplos de popularidade, não tem tamanho reconhecimento. A marca aparece nesses livros de referência aportuguesada como maisena, sem o Z.
Curiosidades de Sobremesa
1 – Além de servir de alimento e goma, o milho e seus derivados são utilizados também na fabricação de plásticos, inseticidas, produtos farmacêuticos e sabonetes.
2 – Foram os indígenas americanos os primeiros a domesticar e usar o milho. Se você notar, vai vê-los colhendo e tratando os grãos da planta na característica embalagem amarela da Maizena.
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