Olá pessoal!
Sadia e Perdigão surgiram na mesma região, vendendo os mesmos produtos, e agora são formalmente a mesma empresa. Sadia e Transbrasil são companhias irmãs. O inventor da esferográfica foi morar na Argentina.
Esses e outros fatos no Dicionário das Marcas!
Um abraço!
Eduardo Nicholas
SADIA – Brasil. Alimentos. 1944.
O gaúcho Attilio Fontana chegou em Concórdia, Santa Catarina, procurando oportunidades de negócio. Lá encontrou uma empresa à beira da falência. Tirou o dinheiro do bolso, fez a proposta e se tornou dono do que ele chamaria de Sociedade Anônima Indústria e Comércio Concórdia, referência à cidade natal da companhia.No começo só conseguiu produzir farinha de trigo, uma vez que a estrutura da fábrica que comprara era precária. Havia também um frigorífico inacabado dentro da propriedade. Fontana o reativou e passou a criar porcos para abate.
Três anos se passaram e tudo correu muito bem. Os abates já chegavam a 100 por dia e outros animais passaram a ser criados. Nesse tempo Fontana mudou o nome da empresa, encurtando sua denominação para Sadia, um acrônimo formado pela abreviação dos termos Sociedade Anônima (sa) e as três últimas letras de Concórdia (dia).
Curiosidades de Sobremesa
1 – Durante seus dois primeiros anos de existência, a companhia vendia somente farinha e farelo de trigo.
2 – As propagandas da Sadia são bastante conhecidas, principalmente aquela das pessoas vendadas experimentando os presuntos. Foi uma sacada ótima e a frase final (essa é Sadia!) é genial.
3 – Em 1955, ao encontrar dificuldades para escoar sua produção para São Paulo, Omar Fontana (filho de Attilio) arrendou um avião para levar os produtos para São Paulo. O transporte ajudou muito a companhia, mas também chamou a atenção do consumidor comum, interessando em comprar passagens de avião. Vendo aí uma boa oportunidade, Fontana criou a Sadia S.A. Transportes Aéreos. Inicialmente levando passageiros de municípios catarinenses para a capital paulista, a companhia cresceu e logo ganhou mercado em outras regiões. Na década de 70 já era uma das maiores linhas aéreas do país. Nessa altura Fontana resolveu desvincular a palavra Sadia (alimentos) e criar uma nova marca para a companhia aérea. Surgia assim a tão conhecida Transbrasil, que infelizmente veio a falir em 2001. Pelo menos o Omar não estava mais vivo para ver…
PERDIGÃO – Brasil. Alimentos. 1934.
Em 1934, também em Santa Catarina, nas margens do Rio do Peixe, existia um lugar chamado Vila Perdizes. Lá os descendentes de duas famílias de imigrantes italianos – os Ponzoni e os Brandalise – inauguraram um armazém de secos e molhados. O objetivo do grupo era vender produtos de mercearia, apenas ter um comércio como fonte de renda.No entanto, cinco anos após a inauguração do armazém, os proprietários da Ponzoni, Brandalise e Cia resolveram investir no ramo alimentício, mais especificamente no abate de animais. Na verdade já era algo que eles faziam, porém agora seria formalizado. Começaram vendendo carne de porco e inovaram ao mandarem buscar animais em outros países, de forma a encontrar uma espécie que fosse mais rentável para o abate.
Em apenas dois anos conseguiram grande prosperidade nesse setor. Decidiram então criar um nome fantasia para a marca, uma denominação que associasse a empresa à sua atividade e à sua origem. Uma vez que tinham começado o empreendimento na Vila das Perdizes e sendo a perdiz um animal de abate para alimentação humana, os donos colocaram como símbolo do negócio um casal de perdizes. Mais tarde adotou-se o termo perdigão, que pode ser um sinônimo da palavra perdiz ou se referir especificamente ao macho da espécie.
Curiosidades de Sobremesa
1 – A empresa é proprietária da marca Chester.
2 – A Vila das Perdizes não existe mais. O município foi emancipado em 1944, ganhando uma nova denominação. Sendo assim, daquele ano em diante, a cidade passou a se chamar Videira, em referência ao cultivo de uva na região.
3 – Dizem os mais antigos que a terra lá é tão boa para a produção dessa fruta que já foi colhido um cacho pesando um quilo e trezentos gramas.
4 – Vale lembrar que a Vila das Perdizes se chamava assim que grande quantidade de aves Rhynchotus rufescens que habitavam a região. Chamada no Brasil vulgarmente de perdiz, esse animal na verdade não tem associação com a perdiz verdadeira. No sistema taxonômico as duas são de famílias diferentes.
5 – Provavelmente a Ponzoni, Brandalise e Cia começou abatendo informalmente perdizes para a venda, mais fáceis de criar e abater que os porcos.
BIC – França. Multisetorial. 1945.
Ladislao Biro era um húngaro que odiava escrever com canetas tinteiro, pois a folha ficava toda borrada. Trabalhando com a impressão de jornais, ele achava a tinta destinada à impressão bem melhor, pois secava rápido. O danado é que essa tinta era muito grossa para ser usada numa caneta tinteiro. Como um problema sempre acaba por buscar resposta, Biro passou a pensar numa invenção que resolvesse a questão. Ele então pegou um pequeno cilindro de plástico, encheu com a tal tinta de impressão de jornal. Encaixou então na ponta do cilindro uma pequena esfera. A tinta, empurrada pela gravidade, ficava retida na esfera, mas isso até a bolinha ser rodada e ir liberando a tinta aos poucos.É claro, Biro notou que sua nova invenção era ouro puro. Registrou a patente, porém teve que fugir da Europa por causa da II Guerra Mundial. Foi parar na Argentina e lá abriu uma fábrica. Chamou-as de Birome e vendeu milhares, apesar de elas custarem bem caro em virtude do complexo processo de fabricação.
Paralelamente, na França, um empresário chamado Marcel Birch já fabricava canetas tinteiro há cinco anos. Quando soube da invenção de Biro, comprou imediatamente os direitos de produção, e passou a fabricar a novidade. Na hora de escolher a marca, Bich usou seu sobrenome, porém teve que tirar o H do final. Essa mudança se explica: como tinha grandes pretensões, e essas incluíam o mercado norte-americano, Marcel não quis usar o termo bich, que tem uma pronúncia em inglês muito parecida com a palavra bitch, um impropério dos mais cabeludos. Ficou Bic mesmo, mas não deixou de fazer sucesso.
Curiosidades de Sobremesa
1 – O logotipo da Bic foi criado pelo artista Raymond Savignac. O desenho, feito para atrair a atenção das crianças, é de um menino com uma esfera no lugar da cabeça e segurando uma caneta nas costas.
2 – A Bic vendeu muito mais que a Birome, pois Marcel era um empresário mais esperto. Sua primeira atitude foi simplificar o processo de fabricação da caneta esferográfica. Isso tornou o produto bem mais barato e acessível ao público em geral.
3 – Bitch, em inglês, numa tradução leve, significa, entre outros, vadia.
4 – O isqueiro Bic também é muito conhecido, mas não tanto quanto a Bic Cristal, a caneta mais simples e fantástica que já fabricaram.
5 – Durante a II Guerra o exército britânico quebrou a patente da caneta de Biro. Isso foi feito uma vez que eles precisavam urgentemente de uma caneta que não soltasse tinta ao ser usada em grandes altitudes, em aviões de combate.
6 – John J. Loud teria inventado a esferográfica cerca de 50 anos antes de Biro. Ele usava a caneta para marcar couro. De qualquer modo, nunca a usou comercialmente.
7 – Dizem que existe um local no universo para onde vão todas as Bic que perdemos. Quantas você já teve? Eu já perdi dezenas!
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Pessoal, além do Dicionário das Marcas eu tenho agora uma tirinha. Ela se chama Misantropos, eu a publico no blog http://misantropos.zip.net
Não desenho bem, faço tudo toscamente no Corel. Porém, é algo que sempre tive vontade de fazer, então acabei fazendo mesmo. Se acharem legal, aproveitem! Se não, me perdoem.
Valeu!
Eduardo Nicholas