Portanto, se você adora sentir um friozinho na barriga ou ver litros de sangue falso serem jogados na tela… não pode perder o restante do festival!
Pra não te deixar ir no escuro, o Sedentário passou o final de semana vendo seis longas e dois curtas metragem do festival e preparou um especial com as resenhas dos filmes.
Veja a abertura do evento:
Primeiro dia – 25/06
Halloween – O Início
Dir. Rob Zombie – 110 minutos
EUA – 2007
Apesar de ser ótima iniciativa, o festival não foi muito feliz ao selecionar a refilmagem Halloween – O Início, de Rob Zombie, pra abertura. Já que para muito fãs de terror esse remake não faz juz ao clássico Halloween do mestre do terror John Carpenter.
A trama continua a mesma, Michael Myers é um garoto problemático que perde o controle e mata quase toda sua família durante o Dia das Bruxas e só volta depois de adulto a procura de sua irmã mais nova.
Rob Zombie, o ex-vocalista da banda White Zombie, demora mais de 40 minutos para contar como um menino maltratado e com pais horríveis se tornou um dos mais violentos psicopatas do cinema. Por outro lado, Carpenter apresenta o assassino e sua origem nos sete minutos iniciais do filme.
Apesar da falta de profundidade dos personagens, da condução extremamente comum dos assassinatos e das irritantes situações de morte durante o sexo do parco elenco adolescente e todos os outros problemas… o filme tem seu charme.
Como a presença de Malcolm McDowell (Laranja Mecânica) no psiquiatra que tratou de Myers durante toda a sua vida, pois ele ficou perfeito no papel. Também vale a pena mencionar a excelente reconstrução da trilha sonora, que aliada à força do personagem, conseguiu dar bons sustos nos expectadores.
Mas a grande sacada de Halloween – O Início está na participação de vários atores de clássicos do terror, como: Danny Trejo (Um Drink no Inferno; Machete), Udo Kier (Suspiria; Dracula e Frankenstein do Andy Warhol), Richard Lynch (Scanner Cop), Ken Foree (Despertar dos Mortos), e muitos outros.
Ou seja, Halloween – O Início é um filme que todos deveriam ver, nem que seja para falar mal, mas que dificilmente merece estar na sua coleção de DVDs. Afinal de contas, uma coisa é um músico metido a diretor tentando fazer seus próprios filmes de terror (e conseguindo, com altos e baixos), outra é o mesmo cara tentando recriar um dos maiores clássicos dos anos 1980.
Lembrando que o novo filme tem três versões diferentes!
NOTA 6,5
Terceiro dia – 27/06
Mama
Dir. Andres Muschietti – 3 minutos
Espanha – 2008
O curta metragem Mama merece atenção especial, pois é um excelente terror psicológico, que mostra duas irmãs recebendo a visita de uma figura bastante peculiar (e assustadora) em sua casa. Confira na integra e veja se não é um dos melhores curtas do festival até agora! Obviamente, esta produção espanhola tem como mentor o talentoso Guillermo Del Toro (Hellboy; O Labirinto de Fauno).
NOTA 10
O Visitante de Inverno
Dir. Sergio Esquenazi – 95 minutos
Espanha / Argentina – 2008
O Visitante de Inverno é uma co-produção espanhola e argentina que prende o expectador do começo ao fim com um clima de pura tensão. O filme mostra a história do jovem Ariel, que se muda junto com sua família para interior da Argentina em busca de tratamento para seus problemas mentais e de uma tentativa de suicidio.
No entanto, o que Ariel encontra na cidade são mais problemas ao se envolver com uma garota espanhola que é a paixão platônica de um marginal das redondezas – que por ciúmes o ameaça de morte. Como se isso não fosse suficiente, o rapaz desconfia que um de seus vizinhos pode ser um assassino de crianças, mas ninguém acredita em suas histórias por conta de seus problemas mentais e da sua insistência em não tomar os remédios.
Vale a pena ver este filme, pois apesar de seus pequenos defeitos – ele tem uma história bastante consistente. O problema mesmo é uma grande escorregada na cena final, que poderia ter sido facilmente contornada.
NOTA 8,0
Deixe Ela Entrar
Dir. Thomas Alfredison – 114 minutos
Suécia – 2008
Deixe Ela Entrar conta a história de Oscar, um frágil e tímido garoto que é diariamente humilhado e maltratado pelos colegas da escola, mas terá sua vida virada de pernas pro ar após conhecer Eli, sua nova e enigmática vizinha. Até aí, o filme parece não passar de uma versão atual de Meu Primeiro Amor (sim, aquele do Macaulay Culkin), mas a grande diferença é que esta também é história de vampiros.
Fica até difícil de explicar, mas o filme mistura uma delicada história de amor entre duas crianças que começam a descobrir sua sexualidade (mais no caso de Oscar). Também mostra a luta que Eli e seu misterioso responsável travam para conseguir sangue sem chamar a atenção dos habitantes de uma pacata cidade.
Um filme que merecia ser exibido em larga escala nos cinemas brasileiros e é a prova viva de que pra se contar uma bela história de vampiros não é preciso apelar pra frigidez crônica dos chupadores de sangue assexuados e vegetarianos da cinessérie Crepúsculo. Se um dia Deixe Ela Entrar for lançado em DVD por aqui, não pense duas vezes antes de comprar.
NOTA 10
Quarto dia (28/06)
O Proprietário
Dir. Javier Diment e Luis Ziembrowski – 91 minutos
Argentina – 2008
O Proprietário mostra a história de uma jovem atriz que se muda para um velho apartamento, ao lado do que pertence ao proprietário de ambos os imóveis. Porém, o que ela não esperava é que aquele velho administrador tinha um engenhoso sistema de vigilância que o permitia controlar todos os seus passos e até mesmo abusar sexualmente dela.
Com uma sinopse como essa, o filme prometia ser um tenso suspense, porém o que vemos é um grande pastelão carregado de excessivas cenas de sexo com mulheres feias e homens gordos e decadentes.
Fica difícil relatar todos os defeitos do filme, mas vou tentar sintetizar os piores: roteiro cheio de furos (como onde o velho escondia os corpos de suas vítimas), atrizes horrendas pagando de gatinhas, atuações canastronas, péssimos efeitos especiais e uma estranha compulsão por mulheres com perucas.
O Proprietário é um dos grandes equivocos do festival e podia ter sido substituído por outros longas que pelo menos não parecessem trabalhos do primeiro semestre do curso de Cinema. Só assista se quiser ter a sensação de que o tempo nunca vai passar.
NOTA 2,0
Strange Girls
Dir. Rona Mark
EUA – 2008
Após receberem alta do hospital psiquiatríco depois de 14 anos internadas, as irmãs gêmeas Georgia e Virginia, que fazem tudo em sincronia e só se comunicam entre si, começam uma nova vida de perversões e assassinatos. Apesar dessa sinopse parecer mais com um thriller psicológico, Strange Girls é na verdade uma divertida comédia de humor negro, recheada de tiradas insanas e comportamentos doentios.
Essa verdadeira mistura de O Fabuloso Destino de Amelie Poulain com Mamãe é de Morte poderia facilmente estar na filmografia de algumas das mentes mais doentias do cinema e em alguns momentos que remete às comédias de erro dos Irmãos Cohen.
Destaque para o namorado negro das duas gêmeas ruivas que prefere manter relações apenas com uma delas e pra vizinha chata que reclama até quando as inquilinas estão fumando no andar de baixo. Um filme imperdível e com um final absurdo pra lá de hilariante!
NOTA 7,0
Landau 66
Dir. Fernando Sanches – 10 minutos
Brasil – 2008
Landau 66 é um excelente curta metragem brasileiro que chama atenção pelo competente trabalho de direção e pelo roteiro eletrizante, que mostra a história de dois amigos que estão se preparando pra uma noitada e acabam dando carona para um estranho rapaz, que os ajuda a consertar o carro.
Infelizmente, os autores não disponibilizaram o filme na internet, mas vale a pena ficar atento aos próximos festivais de curta metragem para ver quando ele for exibido novamente. Se tiver com muita pressa entre em contato com J. M. Trevisan (o roteirista da fita) pra ver se consegue adquirir uma cópia.
NOTA 8,5
O Fim da Picada
Dir. Christian Saghaard – 80 minutos
Brasil – 2008
O Fim da Picada tinha tudo pra ser um excelente filme, pois mistura diversos elementos da cultura brasileira em uma terrível história de desapego dos valores morais e da decência. Porém, infelizmente, a direção perde a mão ao tentar fazer uma história excessivamente onírica e de forma bastante pretensiosa.
Mas não podemos deixar de destacar que a premissa do filme é bastante interessante e excelente ideia de misturar personagens folclóricos com uma livre adaptação da peça de teatro “Macário” de Alvares de Azevedo – que conta a história de um homem quer fazer um pacto com o diabo. As interpretações do Saci e da Exu-Mulher ficaram excelentes e convencem bastante, porém a crítica social feita com a socialite não ficou tão clara como devia.
Os efeitos especiais são muito bem feitos, mas parecem ter sido captados de forma a se mostrarem inveressímeis ou serem mal aproveitados pelo elenco – como a mulher que vai comer carne crua e parece estar morrendo de nojo.
O problema é que o filme está carregado de cenas caleidoscópicas que são repetidas incessantemente e mais parece que estão ali apenas para que o filme tivesse o tempo de duração suficiente para ser classificado como longa metragem. No entanto, estes momentos arrastados e a falta de desenvolvimento dos personagens tornaram o filme massante em alguns momentos.
De qualquer forma, O Fim da Picada será exibido no Cine Cult da rede Cinemark durante 10 semanas, às 15h – a data de estreia ainda não foi revelada.
NOTA 5,0
Durante a semana, continuaremos com as resenhas dos filmes que conseguirmos assistir e parte da cobertura será feita pelo Twitter (@raphafernandes).
Pra conferir a programação completa do I SP Terror clique aqui. Lembrando que o evento vai até a próxima quinta-feira (02/07).