Carros e Capitalismo Parte 3: General Motors

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General Motors – Estados Unidos. Veículos. 1908.

gmSe Ford inventou a indústria automobilística e Toyoda aprimorou a linha de montagem, como diabos a General Motors passou tanto tempo na frente dos dois? Tudo graças a um homem chamado Billy Durant. Com grande talento para vender de tudo, Durant se empolgou com o novo mercado de automóveis e resolveu se concentrar na área. Conseguiu um emprego numa pequena fábrica chamada Buick Motor Company, até então um negócio com poucas vendas. No entanto, o talento de Billy como vendedor aqueceu a produção e logo ele juntou capital para comprar o controle do empreendimento.

Naquele período os Estados Unidos tinham milhares de fábricas de automóveis, todas sedentas por alcançar fortuna no novo mercado. Porém, passado o período de euforia, esses pequenos negócios começaram a entrar em colapso. Durant se aproveitou disso e passou a comprar todos pagando preços módicos. Assim surgia a General Motors, um aglomerado de fábricas que com o tempo incluiu a Chevrolet, a Cadillac, a Oldsmobile, entre outras. Na verdade, essa grande variedade de empreendimentos sob o mesmo teto deu à GM seu diferencial. Várias fábricas, vários tipos de carros. E enquanto Ford produzia carros iguais, sem segmentar os consumidores, a Toyota estava ainda muito longe para interferir no maior mercado de todos, os EUA. Assim a GM surge entre os dois, adotando a linha de montagem de Ford, porém opta por construir carros diferentes para diferentes tipos de consumidores.

Cada marca toma uma linha de produção só sua, atenta ao gosto dos consumidores. Desse modo, a GM vende desde o carro popular básico até aquele com design inovador, motor e acabamentos mais complexos, para quem curtia luxo e velocidade. É claro que o mercado interno adorou a proposta e já em 1930 a GM roubou a liderança da Ford. Durant permaneceu na empresa até a crise econômica dos anos 20, quando foi substituído por Alfred Sloan. O esperto Sloan continuou com a política de Durant, fazendo carros diferentes com preços baixos ou altos, de acordo com a preferência do consumidor. Para reiterar essa prática, ele investiu pesado em publicidades segmentadas, separando seus mercados consumidores.

Cada marca era voltada a um tipo de pessoa, mas todas elas pertenciam à GM. Seu grande avanço, no entanto, foi introduzir ao setor automobilístico o conceito de obsolescência programada. Basicamente a idéia era redesenhar os modelos dos carros, de modo que os modelos antigos parecessem obsoletos e o cliente se sentisse incentivado em comprar novamente. Essa obsolescência também era vista na qualidade dos carros, feitos para que sua durabilidade não fosse mais tão grande.

Durante as crises, a GM se mexia para tentar acordos com outras montadoras, fazendo produções conjuntas. Isso fez com que a empresa sobrevivesse bem às intempéries econômicas. Todos esses fatores deram por 77 anos a liderança do mercado para a GM. Ela era tão forte que somente muito tempo depois da entrada dos carros japoneses nos EUA perdeu a liderança para a Toyota em 2007.
 
Curiosidades de Sobremesa

1 – A obsolescência programada tornou-se com o tempo mais evidente na qualidade dos carros. Compare a durabilidade de um Fusca antigo com a de qualquer carro novo. Um Celta 2009 funcionaria até 2049, tal qual um Fusca 1969 funciona até hoje?

2 – A GM chegou a investir no setor de aviões e ajudou muito os EUA (e os alemães!) com a construção de carros de combate durante as duas grandes guerras.

3 – A empresa tem quase 250 mil empregados em todo o mundo, tendo vendido 8,35 milhões de carros em 2008.

4 – A General Motors chegou ao Brasil em 1925. A primeira atividade foi somente montar os carros, usando peças importadas dos EUA. Hoje o país é o terceiro maior mercado da empresa.

5 – Antes de mexer com veículo, Billy Durant fabricava e vendia carroças.

6 – O Cadillac LaSalle de 1927 marca o início da preocupação com o design dos carros. Até ali carros não eram bens de consumo que mexiam com a imaginação, eram apenas máquinas para transportar pessoas e coisas. A obsessão da GM em transformar seus carros em algo mais complexo que um simples burro de carga deu à marca o privilégio de lançar grande parte dos modelos mais inovadores e apreciados por colecionadores.

 

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