Ninguém trabalha com viral. NADA, absolutamente nada, é viral antes que seja “viralizado”.
O termo “viral” deriva de uma consequência. Quem define se algo é viral ou não são os nobres mortais. Não vocês, publicitários. Jamais, nunca, em hipótese nenhuma este papel cabe, ou caberá (não adianta se iludir), às agências. Este papel cabe, única e exclusivamente, ao consumidor. Os profissionais que prometem trabalhos virais deveriam ser processados por propaganda enganosa. Convenhamos, não são só os publicitários que supostamente trabalham com viral que mereciam uma certa atenção da justiça. Mas não vamos aqui misturar publicidade com política.
O viral é uma das consequência da disseminação de conteúdo. E existe desde que existe conteúdo. A web apenas serviu como um belo de um catalizador. Voltemos algumas décadas. Você acabou de ler um artigo do Arnaldo Jabor e achou tão bom que resolveu recortá-lo e mostrar ao seu colega de faculdade. Voltemos agora à atualidade. Você já deve ter recebido um texto do Jabor, via e-mail, de algum amigo seu, certo? O que eu quero com esse raciocínio distorcido? Gritar que o texto do Jabor no seu e-mail é tão viral quanto o recorte de jornal. Dizer que o cara manja muito mais desse assunto que você. Mostrar que esse papo de viral é mais velho que a internet. E funciona com qualquer coisa: foto, vídeo, música, texto e qualquer outra forma de armazenamento de conteúdo. Basta alguém gostar e passar adiante. Esta é a melhor definição para o verbo “viralizar”.
Mas péra lá. Desde quando publicidade é conteúdo? Tudo bem, não sejamos tão radicais. Amenizemos o questionamento. Como as agências geram conteúdo? Uma das saídas é fazer uma música, enfiar guela abaixo do consumidor camuflada dentro da progamação de uma rádio e rezar para que ninguém perceba. Vide “The Uncles”. Ou então, criar uma comunidade no orkut! Ah, por que esperar que as pessoas gostem da campanha e criem essa tal comunidade por livre e espontânea vontade? Criemos nós mesmos! Mal sabem os publicitários que basta fazer o que eles sempre fizeram. Se matar para fazer um puta trabalho. Depois, é só rezar para que o consumidor goste, repasse aos amigos e gere uma repercussão. Mais ou menos como os publicitários argentinos estão fazendo.
Por Pedro Daltro.
Saiba mais sobre o autor acessando o “Raciocínio Cínica” e “Not Commom“.