Se ela responder “Não“, isso significa que a resposta à primeira pergunta é “Sim“. Ela vai te dar.
Se ela responder “Sim“, então a resposta à primeira pergunta também é “Sim“.
Teria o Philosoraptor encontrado a fórmula da conquista infalível? A falha, e mais alguns nexos, na continuação.
A falha simples é que isso só funcionaria no mundo de fantasia onde as únicas respostas possíveis seriam “sim” ou “não” e todas as pessoas fossem obrigadas a agir de forma coerente com suas declarações.
Na prática, as coisas são bem diferentes.
Ela pode mandá-lo passear (entre todo um universo de outros foras), e ao fazê-lo, estará fornecendo uma resposta diferente de sim ou não. Não estará sendo incoerente.
Como cantada é péssima e nem mesmo uma forma tão refinada de obter uma resposta desejada, mas o que vale aqui é o princípio. E o princípio não é muito distante dos Teoremas de Incompletude de Gödel que discutimos.
Mais do que isso, o princípio se relaciona com o próprio livre-arbítrio: em “O Problema do Livre-Arbítrio“, o físico John Barrow explora como um ser, mesmo um ser hipotético onisciente, só poderá prever o futuro com sucesso se fizer exatamente aquilo que tiver previsto que fará:
“Suponha que eu saiba tanto sobre os funcionamentos do cérebro e o Universo externo que eu possa computar o que eu escolherei comer para o jantar. Suponha mais adiante que eu seja bastante perverso, e assim decida que escolherei deliberadamente não comer tudo aquilo que meus cálculos predizerem que eu vá comer. Eu tive assim sucesso em tornar logicamente impossível para eu predizer o que escolherei. Entretanto, se eu tivesse sido sensato poderia ter decidido escolher deliberadamente comer tudo o que meus cálculos predisserem que eu escolherei comer. Nesse caso, eu posso predizer minhas ações futuras com sucesso — mas apenas se escolher fazer isso. Paradoxalmente, parece que está em meu poder decidir se eu posso predizer meu futuro ou não.
Vamos olhar para que tipo de dilema isto cria para nosso Superser. Se ele teimosamente escolhe agir ao contrário do que suas predições dizem que ele fará, ele não pode predizer o futuro, até mesmo se o Universo for completamente determinístico. Ele não pode assim conhecer a estrutura completa do Universo. A onisciência é logicamente impossível para ele, se ele quiser ser do contra. Mas se ele não quiser ser contrário, então ele pode ser onisciente. Nenhum ser pode predizer o que fará se ele não fizer o que prediz que fará!”
Introduza uma sentença negativa auto-referente — como não jantar aquilo que se previu que irá jantar, ou dar uma resposta contrária àquela que reflete o que você deseja — e os resultados podem ser, mesmo em teoria, surpreendentes.