Começamos esta breve coluna pelo final surpreendente: o lendário Chupacabras, misteriosa criatura que ataca furtivamente animais em zonas rurais drenando seu sangue, é a loiraça Natasha Henstridge. Ou melhor, a descrição seminal que definiu a febre moderna do Chupacabras foi inspirada no filme “A Experiência“, lançado na mesma época.
“A semelhança com o chupacabra era realmente impressionante“, conta Madeline Tolentino, a testemunha principal que solidificou a aparência popularizada da criatura. “Eu assisti ao filme e pensei, ‘Meu Deus! Como podem fazer um filme assim, quando essas coisas estão acontecendo em Porto Rico?“. Acima, a ilustração do Chupacabras comparada com o pôster do filme “A Experiência“.
Mesmo o enredo do filme se relaciona diretamente a lenda do Chupacabras: no roteiro de Hollywood, tudo começa no radiotelescópio de Arecibo — em Porto Rico — e a criatura alienígena “Sil“, com uma chocante aparência imaginada por HR Giger — mesmo artista da criatura de Alien — é parte de uma experiência do governo americano que foge ao controle. Exatamente a história popularizada do Chupacabras.
O mito, como todo bom mito, não começou nem acabou aí, é bem verdade. As origens da lenda de um misterioso vampiro hispânico carniceiro podem ser traçadas ao Vampiro de Moca, décadas antes. Mas aquilo que conhecemos como Chupacabras, da imagem da criatura com saliências na espinha, direto da imaginação do artista H.R. Giger, até o enredo de que seria fruto de experiências genéticas do governo americano em Porto Rico, onde está o maior radiotelescópio do mundo, é aquele filme que todos vimos mas nunca pensamos que poderia ser real. Bem, pelo visto ficção e realidade se misturaram para muitos.
O descobridor da ligação clara apenas em retrospecto foi o psicólogo Benjamin Radford, editor adjunto da revista Skeptical Inquirer, publicação do Comitê para Investigação Cética (CSI), organização fundada em 1976 por cientistas, acadêmicos e divulgadores de ciência incluindo Carl Sagan e Isaac Asimov, entre outros.
Não engoliu a explicação? Amanhã (sexta-feira 27/07 a partir das 15h) você poderá questioná-lo pessoalmente: Radford participará de um debate promovido pela Folha de São Paulo em seu auditório. Ele será entrevistado por Reinaldo José Lopes, editor de “Ciência+Saúde” da Folha, Kentaro Mori, editor do site “Ceticismo Aberto“ e este que vos escreve, e pela plateia, que pode incluir você! Para participar, basta se inscrever pelo telefone (11) 3224-3473, das 14h às 19h, ou enviar nome, RG e telefone para o e-mail [email protected], indicando o evento com Benjamin Radford.