“Você não está mudando nada com essa sua bunda sentada na cadeira!” [Coluna Universo Digital, por Eden Wiedemann]

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Quantas vezes você não viu esse argumento sendo usado em redes sociais como forma de agredir alguém a quem chamaram de ativista de sofá? Eu confesso que a usei algumas vezes. E assumo que hoje acredito que estava errado. Sim, mudei de ideia afinal quem tem ideia fixa é doido.

“Eu fui as ruas e você não!”. “Eu enfrentei policiais e tomei spray de pimenta na cara e você aí, nesse computador”. Bom, eu admiro que tem a coragem/disposição/possibilidade/oportunidade de ir as ruas ou mesmo de tomar uma atitude que julga mais eficiente para mudar o status quo de algo que ele acredita estar errado… mas até que ponto isso tem mais valor que tentar fazer essa mudança usando as redes sociais? Deixe-me contar algo a vocês. Há não muito tempo, discutindo com marqueteiros sobre o destino de uma das maiores campanhas políticas do país, ouvi a seguinte frase:

“Internet não representa nem 3% dos votos do Brasil. Não serve pra nada além de criar problemas. É o típico caso de jogar apenas pra não errar.”

Mas foi esse mesmo tipo de marqueteiro que quase caiu da cadeira quando pego de surpresa pelas manifestações que aconteceram no meio do ano. “Ninguém podia prever isso”, disseram. A visão tacanha deles não é diferente da de quem acha que só faz sua parte para mudança quem vai às ruas.

Além de deixar muito político nas cordas e gerar um mínimo de movimentação por parte do governo federal as manifestações – e sua ligação com as redes sociais – teve outro benefício. Elas fizeram milhões de pessoas – boa parte delas jovens que sempre afirmaram odiar a política – desenvolver algum grau de interesse político. Em uma epifania nascida no debate que se originou com as manifestações milhões de brasileiros descobriram que precisavam saber mais sobre os rumos do país, se envolver mais com a política e exercer melhor o seu DEVER de fiscalizar as gestões públicas.

Certo, passei a me interessar mais por política mas ainda não sei como mudar alguma coisa.

Vamos levantar alguns pontos interessantes.

1. 90% dos usuários de redes sociais dizem acreditar primeiramente em amigos.
2. 78% dizem acreditar mais em amigos que em especialistas.
3. O número de pessoas que acreditam em propaganda reduz a cada dia.
4. O brasileiro tem em média 216 contatos no Facebook e 273 se somarmos todas as redes.

Levantei esses dados só pra poder fundamentar uma afirmação: você é o melhor veículo de comunicação que existe. Apesar de seu alcance ser limitado, seu poder de conversão é infinitamente superior ao dos demais meios.

Agora ficou fácil…

Não fica complicado entender qual a importância de um ativista de sofá no processo de mudança do país. As eleições estão vindo aí. Em 2014 você vai poder eleger senador, deputados e o novo presidente da república. E, aviso, os marqueteiros estavam errados – e hoje eles sabem disso. Vocês, militantes e eleitores conectatos, influenciam bem mais que os 3% que eles tacanhamente acreditavam.

Os políticos apelam para fakes e ectos – matéria para a próxima coluna – e para militantes radicais nas redes tentando angariar votos ou, na maior parte dos casos, atacar o adversário de toda forma que puder (se não posso ganhar votos ao menos vou tirar votos deles). Pura perda de tempo. Fazem volumes de citações negativas e positivas que só servem para fazer número em relatórios e agradar candidatos que claramente não entendem NADA de redes sociais. Os perfis fakes e os ectos não tem relevância ou credibilidade e os militantes só tem discurso e não tem diálogo. Eles não convencem ou convertem, apenas atrapalham.

Se você quer fazer a diferença não precisa necessariamente sair as ruas gritando palavras de ordem. Vocês podem influenciar quase 80 milhões de brasileiros a votar de forma consciente e ajudar a mudar a cara do país. O meu conselho? Não deixe pra fazer isso na véspera das eleições quando a cacofonia eleitoral deixará as redes infestadas de informações duvidosas, comece de agora. Escolha suas bandeiras, identifique quem as representa, estude essas pessoas, estimule o debate, participe. Faça críticas, cobre respostas, convença seus amigos da importância daquilo que acredita. Mas faça isso sem agressões, sem disputas abobalhadas.

Deixe de lado a bandeira do partido, levante a bandeira das causas. Você pode fazer a diferença, acredite, mesmo com a bunda sentada no sofá.

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