Teoria da Conspiração na Bienal do Livro

Olá crianças,

Em primeiro lugar, queria agradecer de coração a todos os Sedentários, amigos, leitores, irmãos, fraterers, sórores e sobrinhos que visitaram nosso stand na Bienal do Livro de São Paulo. Meus amigos, alunos e conhecidos já eram esperados, mas quando aparecem cerca de 40 ou 50 pessoas falando “olha, você não sabe quem eu sou porque eu nunca comentei na sua coluna, mas eu leio todos os seus posts, descobri muitas coisas interessantes que me fizeram começar a analisar melhor o universo em que vivemos” é algo realmente emocionante. É o que faz valer a pena escrever semanalmente para o Sedentário.

Trabalhar na Bienal é como correr uma maratona. Para percorrer suas 14 ruas e 7 avenidas é necessário caminhar cerca de 3,5km. Os portões abrem as 10h e fecham as 22h, mas todos os expositores estão por ali das 9h30 e nunca saem antes das 22h30, permanecendo de pé durante quase todo o dia.
Este ano, cerca de 800.000 pessoas visitaram a Bienal. Foi um número considerado menor do que a Bienal anterior (2006) e as vendas foram, pelos comentários gerais, bem mais fracas do que a bienal do Rio do ano passado e do que a bienal de São Paulo de 2006. Talvez, reflexo do exemplo de nossos políticos semi-analfabetos que se vangloriam de nunca terem lido um livro para chegar à presidência e o esforço concentrado do governo em priorizar bolsas-esmolas ao invés de dar educação e cultura para o povo.

Os dois primeiros dias costumam ser voltados para os profissionais da área. Neles, recebemos a visita de inúmeros representantes de gráficas, distribuidores, livrarias, bibliotecas, escolas e autores mostrando seus trabalhos e trocando contatos. Basicamente, participar de uma bienal já vale a pena apenas pelos negócios fechados na quinta e sexta feira. Conforme eu puder falar a respeito, vou postando as novidades aqui na coluna.

Eu não havia comentado, mas a gráfica atrasou a entrega da Enciclopédia para a sexta-feira, o que deixou a todos no stand em um misto de expectativa e vontade de enforcar a gerente da gráfica Prol com as entranhas dela. A única coisa que salvou a pele da dita cuja é que a Enciclopédia ficou foda… realmente foda. Conseguimos um desconto com um fabricante de papéis (cujo representante eu conheci graças a esta coluna) que fez um preço fantástico no couche (o melhor papel que existe para impressão de livros de consulta) pelo mesmo preço do papel que usaríamos, o que deixou o livro com uma qualidade excepcional. A capa fosca com UV reserva também chamava muito a atenção. Passei com ele na Larrousse, Barsa e Tashen e ele não deixa nada a desejar se comparado com as melhores publicações gringas.

Na sexta acontece o tradicional jantar dos editores participantes da Bienal e serve como o último respiro antes de começar a montanha-russa do primeiro final de semana. Nestes dias, aquele lugar parece um formigueiro, e o Anhembi tem uma infraestrutura de atendimento ao expositor de merda. Sabe aquele tipo de verme que, quando há greve de ônibus nas cidades coloca sua van com preços maiores para explorar a população? Deve ser este tipo de pessoa que trabalha no Anhembi, pois TUDO o que podiam fazer para ganhar em cima dos expositores eles faziam, criando dificuldades para depois vender facilidades. Sorte que não tive de lidar com estes tipinhos, mas a pedido dos amigos que sofreram com a falta de cooperação total do Anhembi fica o aviso para se algum dia vocês participarem de qualquer coisa lá, já se preparem…

O sábado foi lotado de gente. Muitos lançamentos e uma quantidade gigantesca de autores dando sessões de autógrafos e fazendo lançamentos de livros novos. Conheci pessoalmente o Maurício de Souza (que teve a idéia mais genial dos últimos tempos – transformar os personagens da Turma da Mônica em mangá), o Ziraldo (cujo livro “O menino maluquinho” foi o primeiro livro que eu li na vida) e o André Vianco (ele comprou uma Enciclopédia de Mitologia; se o próximo livro dele vier cheio de referências a deuses e demônios antigos, já sabem de onde ele tirou as idéias).

Durante a semana, a rotina era mais ou menos a mesma: durante a manhã, hordas de garotos de todas as idades, vindos das escolas cadastradas, vagavam pela feira com suas mãozinhas sujas de sorvete e sua curiosidade pelas coisas brilhantes e coloridas (diz a Lei de Murphy aplicada a feiras e eventos: “quanto mais sujo e remelento é o moleque, mais caro e delicado é o livro que ele quer folhear”). Este ano a CBL teve uma iniciativa louvável: algumas escolas mais carentes receberam um vale-livro no valor de R$3,50 que só poderiam ser gastos em livros (e não como na outra bienal onde este dinheiro ia parar nas barraquinhas de sorvetes, coca-cola, batata-frita e outras porcarias). Para que os expositores recuperassem o valor investido, precisariam trocar estes vales acompanhados das respectivas notas fiscais, com um vale para cada compra (isto também remediou um pouco os professores picaretas da outra bienal que não entregavam os vales para as crianças e compravam os livros para si mesmos). As editoras de livros de arte, médicos, comunistas, filosóficos, importados e outros caríssimos nada podiam fazer a não ser tentar evitar que os goblins destruíssem suas coleções.
A Daemon colocou o AnimeRPG em uma super promoção a 3,50 para angariar novos jogadores de RPG e conseguimos trocar cerca de 500 livros novos com as crianças. Mas o que realmente fez sucesso entre os professores foi a série RPGQuest, que são jogos simples para quem nunca viu RPG na vida, além de poder ser usado para ensinar matemática para crianças pequenas.

Durante a tarde e à noite, quando as hordas goblins iam embora, reinava o silêncio e a monotonia até que a segunda leva de visitantes chegasse: profissionais e estudantes mais velhos que iam para o evento após seus trabalhos/cursos. Durante a noite era mais fácil encontrar autores famosos nas áreas universitárias.

Sexta feira foi feito um evento maçônico no stand da Madras (por sinal, o mais bonito de todos na feira) para comemorar o dia do maçom (20 de Agosto) com o lançamento de 6 novos títulos. Entre eles o livro de ritualística escrito por Cézar Alberto Mingardi e um livro de administração de lojas maçônicas escrito por Armando Ettore do Valle.

Sábado e Domingo tivemos a visita da Wicca Eddie Van Feu no stand da Daemon. Ela é uma boa pessoa e atrai uma verdadeira legião de fãs dedicados, apesar da maior parte deles ser completamente sem noção de nada referente ao ocultismo. Acompanhem este diálogo:

Pink-wicca: “estou vendo que você tem um broche templário
Eu: “é mesmo?”
Pink-wicca: “eu sou templária também
Eu: “é mesmo?”.
Pink-wicca: “é sim… eu me inscrevi pela internet”.
Eu: “é mesmo?”.
Pink-wicca: “fiz a inscrição pela internet, paguei com boleto bancário… e eles me mandam as monografias e os textos pela internet também”.
Eu: “é mesmo?”.
Pink-wicca: “e fazemos nossas iniciações em casa, não precisa de túnicas nem nada. O que importa no ritual é a imaginação da pessoa”.
Eu: “é mesmo?”.
Pink Wicca: “vou te mandar o endereço do site para ver se é a mesma Ordem Templária que você faz parte”
Eu: “bem provável…”.

Fiquei com pena da coitada, mas por conta disso pode-se perceber o nível de malucos e coitados que o mercado esquisotérico abrange. E, por algum motivo, o mercado das wiccas é o mais abarrotado de lunáticos de todos. Algum dia certamente farei um post só sobre isso.

O último final de semana foi o mais cheio de todos e o melhor para fazer as compras, já que ninguém quer carregar livros de volta para casa e todas as editoras fazem promoções no último dia. No final das contas, vendemos muito. Suficiente para pagar toda a impressão da enciclopédia, dos outros 6 lançamentos, todos os investimentos no stand e ainda sobrou uns trocados. De quebra os leitores puderam descobrir o que eu faço quando não estou conspirando aqui no Sedentário e Hiperativo.

Acredito que semana que vem minha vida já esteja razoavelmente organizada e a coluna retoma a programação original. Para quem está com saudade das colunas conspiratórias, andei postando material de outros autores no meu Blog pessoal:

Thelema e o número 11
Grandes Iniciados – Melquisedec
Pirâmides… pirâmides – parte II
Os Quatro Grandes Pilares do Conhecimento
Elementais, os Espíritos da Natureza
Os sete Níveis
Grandes iniciados – Allan Moore
O mito da Fênix

——————
Cursos de Setembro
07/09 – Tarot (Arcanos Menores)
20/09 – Tarot (Arcanos Maiores)
21/09 – Kabbalah
27/09 – Astrologia Hermética
28/09 – Chakras, Kundalini e Magia Sexual
Email para informações: [email protected]

– Coloquei para download no site da Daemon um pequeno preview de dez páginas da Enciclopédia de Mitologia, para que vocês possam ter uma idéia de como ficou.

UPDATE: como muita gente está perguntando como faz para adquirir a Enciclopédia, quem estiver interessado manda um email para [email protected] com o Nome e o endereço (para cálculo do frete) que eu passo as instruções, valores e dados para depósito.