Só se vive uma vez, mas é difícil acreditar nisso. Afinal passamos a vida toda imersos dentro dessa perniciosa idéia do recomeço. Nem mesmo a morte escapa. Não existe religião que não prometa uma segunda existência, não é verdade? Estamos sempre ouvindo essa história sobre ter mais uma chance.
As comemorações do ano novo tratam exatamente disso. A trivial mudança do calendário cria listas que servem de estímulo para alcançar os objetivos há muito desejados, mas em geral nada muda. Isso acontece porque as pessoas esquecem de um traço fundamental do ser humano: a possibilidade de renovação não nos motiva a nada.
Ao contrário do que pensa o senso comum, saber que temos uma segunda chance só encoraja ainda mais a nossa preguiça. É assim que muitos projetos morrem sob a falsa promessa da renovação.
Agora imagine o contrário. Já viu aqueles filmes com personagens moribundos que decidem realizar seus sonhos antes de morrer? Nós estamos na mesma situação. A única diferença é que eles têm uma noção mais exata da data de partida, mas isso não significa que estamos mais seguros. Não significa também que precisamos estar próximos da morte para entendermos que viver é urgente e irreversível.
Aquela meta importante não merece ser escrita em uma lista. Ela é uma emergência a ser resolvida imediatamente. A vida é a única guerra que perdemos mesmo quando ganhamos todas as batalhas. E se você já perdeu, não se engane com as ilusões das futuras oportunidades. Vá e faça agora, pois os anos não começam. Os anos só acabam.