Crítica Jurassic World ≈ Cine Verité por Rafaela Gomes

Parque dos Dinossauros do bilionário John Hammond era ousado, talvez mais simplista dentro da sua enorme complexidade, mas ainda assim ousado. E embora ele já fosse real em 1993, era desconhecido do resto do mundo, não havia encontrado seu público ainda. Até chegarmos em 2015 e então nos depararmos com as portas de “Jurassic World” se abrindo diante dos nossos olhos vidrados. Finalmente, o Parque dos Dinossauros está aberto ao público.

Talvez você não se lembre, mas na primeira adaptação dos livros de Michael Crichton o parque estava em fase de teste. Após um terrível acidente, era necessário comprovar sua segurança e viabilidade. Em 1993 não deu muito certo, mas bons anos depois o conceito funcionou e somos levados para aquele universo de Hammond, onde homens e dinossauros se encontram e dividem o mesmo espaço.
JW_Logo_3000E o que poderia dar errado? Manipular geneticamente uma criatura tão extinta e tentar domá-la, moldando aos moldes humanos? Todos sabem que isso pode não funcionar, mas tal verdade jamais impediu que esse imperialismo em cima da vida selvagem fosse barrado. E essa teimosia humana em extrapolar os limites é mais uma vez o foco central dentro de toda a trama de “Jurassic World”. Tal como nos primeiros filmes, a sede pela manipulação humana surge novamente e sem perceber, faz uma pequena comparação à brutalidade que vemos se repetir camufladamente em parques como o Sea World.

Talvez para perceber isso seja necessário conhecer um pouco mais do parque de Orlando onde orcas e baleias são enjauladas para o divertimento humano. Talvez exija de você cerca de duas horas do seu dia para assistir ao documentário indicado ao Oscar, “Blackfish”. Independente disso, o quarto filme da franquia bilionária de Steven Spielberg traz um tom maduro suave, ao explorar com mais ênfase a agressão psicológica e escravidão que esses animais selvagens são submetidos a nosso bel prazer. Única e exclusivamente visando o entretenimento.
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E a frieza e postura calculista da chefe de operação do parque, Claire Dearing (Bryce Dallas Howard), evidenciam ainda mais essa crítica social, à medida que se contrapõe com a personalidade de Owen (Chris Pratt). Mas para não se perder dos atributos originais que fizeram de Jurassic Park um dos grandes imaginários infantis e que nos levou por noites a dentro em diversas sessões da Tela Quente, o filme se empenha em manter o tom de blockbuster com protagonistas bem jovens em cenas rápidas de ação, alívios cômicos que quebram a tensão e momentos impactantes. E o melhor, o sangue não nos foi poupado.

Steven Spielberg, como diretor executivo do quarto capítulo da saga, conseguiu manter o mesmo padrão de qualidade que vemos nos dois primeiros filmes dos anos 90. Vidas não são poupadas, tão pouco são nossos corações. Aquele mesmo frenesi de outrora volta e com um gostinho ainda melhor para os que puderam assistir “Jurassic Park” em seu auge.
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E como é bom sermos valorizados como um público fiel! A equipe de quatro roteiristas honra os saudosos ao leva-los para uma breve viagem ao túnel do tempo. Por diversas vezes o nome de Hammond (que possui sua própria estátua no parque, uma referência clara à estátua de Walt Disney em Magic Kingdom) surge, assim como seu projeto original. Não cabe aqui revelar mais do que isso, pode de fato estragar um momento glorioso no filme.

“Jurassic World” prova também que aquelas técnicas que tanto amamos dos clássicos dos anos 90 não só ainda são aplicáveis, como são muito mais eficazes que o “contar histórias” aplicado no cinema hoje. Por conta da restrição PG-13, que limita roteiros às cenas mais leves e de menor impacto, grandes produções que hoje passam por reboots, remakes ou continuações sofrem. A fim de tornar um filme “aceitável” para todos os públicos, boas histórias são picadas diante dos nossos olhos.

Contrariando o que José Padilha errou no remake de “Robocop”, “Jurassic World” vem como um filme capaz de agradar ambos os públicos, incluindo os mais antigos. Ele consegue entrar naquela margem tênue de produção que se enquadra para famílias, uma nova geração de jovens e adultos sem pecar na qualidade fílmica, inclusive no uso da tecnologia CGI. A história é progressiva, segue de forma linear. Aparentemente, Spielberg havia deixado brechas caso um novo filme chegasse. O quarto capítulo se encaixa bem dentro da cronologia do primeiro e isso é revigorante para uma trama com muitas sequências por vir.

O abrir oficial dos portões do novo parque traz um belo recomeço que honra o passado, à medida que traz também aquela mesma sensação doce que a canção tema “Welcome to Jurassic Park”, do brilhante compositor John Williams, nos trouxe lá nos anos 90: de que tudo, absolutamente tudo, ainda pode surpreender seus olhos.

Sacerdote da Santa Igreja do Culto ao Nintendinho, Ryu se declara um rapaz casto e introvertido, no fundo desculpas para seus constantes fracassos com as mulheres. Adora surfar, mas não sabe nadar e sonha em conhecer uma praia. Ex-modelo, ex-feirante, ex-atriz, ex-torcedor do Mixto, Evel na verdade é um extraordinário colecionador da série telecurso 2º grau, sabe de cor e salteado todas as lições de química e marcenaria contemporânea. Amante da boa cozinha, não dispensa um churrasco de gato no boteco da Zuleide. Adora aventura e sempre que pode arrisca-se no truco indoor, desde que o ambiente seja refrigerado. "Onde há flor não há envido!"