Olá pessoal!
Trago quatro marcas de carros para vocês hoje, duas italianas, uma japonesa e uma norte-americana. Semana que vem tenho uma boa surpresa: teremos a centésima marca publicada aqui no Dicionário das Marcas.
No mais, no final do post de hoje há um link para o blog que publica minhas tirinhas humorísticas mal desenhadas e outro link para o meu Twitter.
Valeu!
Eduardo Nicholas
FERRARI – Itália. Automóveis. 1947.
Enzo Ferrari gostava mesmo de corridas de automóveis. É claro que ele gostava de carros, mas no começo não pensava em fabricá-los. Preferia mesmo pilotar. Desde pequeno mostrava aptidão para esse ofício. Com dez anos foi a uma corrida e nunca mais esqueceu da sensação de ver os carros zunindo na pista.Era pobre, nascera na periferia de Modena. Perdeu o pai e o irmão com 18 anos, ficou praticamente por conta própria. Trabalhou em montadoras, lutou na I Guerra Mundial e quase morreu de doença. Porém, nunca esqueceu seu sonho. Começou com veículos de teste, mas logo seu talento para as corridas apareceu e ele se tornou um dos mais respeitados pilotos da Itália.
Recebeu prêmios do governo, era bastante reconhecido por todos. Em 1929 aproveitou sua fama e criou a Scuderia Ferrari, uma equipe de pilotos de corrida. Em apenas quatro anos a equipe de Enzo já representava os carros da Alfa Romeo, grande montadora na época.
É claro que sua equipe dava sugestões sobre como a Alfa deveria montar os motores de seus automóveis. Como resultado, os modelos de corrida da marca ganhavam várias corridas e rapidamente tornaram-se famosos.
Diante disso Enzo pensa “por que não abrir minha própria empresa?”. Surge então, em 1939, a Auto Avio Costruzioni (AAC), o embrião da Ferrari. Na época Enzo não podia usar seu sobrenome como marca, uma exigência da Alfa Romeo, que já tinha o termo associado aos seus carros de corrida. O dono da marca precisou esperar quatro anos para colocar seu sobrenome no capô dos automóveis.
Com partes de um carro da Fiat ele montou o AAC 815, um carro de corrida que não fez muito sucesso nas pistas. Por incrível que pareça, tudo começou a melhorar depois de 1945, quando a fábrica foi bombardeada pelos Aliados. Depois de reconstruí-la, Enzo começa o projeto para construir um carro com motor V12. Batizado de Ferrari 125 S o veículo é um sucesso e passa a ganhar diversas corridas, incluindo um campeonato de Fórmula 1.
Vendo potencial também no mercado italiano, Enzo cria uma versão da 125 S, a Ferrari 166 Inter. Tratava-se de uma gran turismo, um veículo com grande performance, porém voltado para motoristas comuns.
Daí para frente o investimento em pesquisa e o grande conhecimento sobre automobilismo fizeram da marca uma conhecida fabricante de carros diferenciados. O design dos produtos também era excelente e isso chamou logo a atenção de quem podia gastar muito. Ter uma Ferrari era e ainda é sinônimo máximo de status social.
Curiosidades de Sobremesa
1 – Quantas marcas nós devemos à II Guerra Mundial? Eu já citei várias aqui.
2 – A Ferrari Dino tem esse nome em homenagem ao filho de Enzo, Alfredo, falecido em 1956. Seu apelido foi dado também ao carro, pois ele participou das pesquisas que criaram o motor do veículo.
3 – Enzo deixou as pistas assim que Alfredo nasceu. Tinha medo de morrer numa batida e não criar seu filho.
4 – O logotipo da Ferrari tem uma origem inusitada. Em 1923, após ganhar uma corrida, Enzo conheceu uma senhora. Ela era mãe de Francesco Baracca, um piloto italiano que tinha lutado na I Guerra Mundial. Muito bom de mira, Baracca era mestre em derrubar os aviões inimigos. Para dar sorte, ele costumava pintar um cavalo empinado num lado da aeronave. A mãe dele quis que Enzo compartilhasse dessa mesma sorte e pediu a ele para também pintar o cavalo em seu carro de corrida. Uma vez que Enzo também tinha lutado na I Guerra, ele aceitou o conselho da dona Baracca e pintou o cavalinho, desenho que mais tarde se tornaria o logotipo de sua empresa.
5 – E por que diabos Baracca pintava um cavalo no avião? Porque era conhecido como o Cavaleiro dos Céus, tão bom piloto que era.
6 – Baracca morreu em combate, então fico me perguntando que sorte é essa que ele tinha. De qualquer forma deu sorte para o Enzo.
LAMBORGHINI – Itália. Automóveis. 1963.
Ferruccio Lamborghini era um rico empresário, dono de uma fábrica de tratores. Adorava carros de corrida e os colecionava. Sua marca preferida era a conterrânea Ferrari. Tinha três, andava com elas por todo lado, era um entusiasta. Porém, certo dia procurou Enzo para lhe dizer que a embreagem de seus carros precisava ser melhorada.Puto da vida, Enzo virou para ele e disse “é o seguinte senhor Lamborghini, não acho que alguém que fabrica tratores tenha autoridade para criticar meus carros”. Mais puto da vida ainda saiu Ferruccio de lá. Mandou desmontar a sua Ferrari para ver como era montada a embreagem. Ficou surpreso ao notar que a engenharia era parecida com as de seus tratores.
Empolgado pela descoberta e com desejo de vingança, Ferruccio contratou alguns projetistas e ordenou que eles fizessem um modelo gran turismo com a marca Lamborghini. Surgia o 350 GT, motor V12 em alumínio, uma máquina que se equiparou ao que a Ferrari tinha de melhor.
Não se sabe se Enzo se arrependeu da ofensa à Ferruccio. O caso é que ele ganhou um concorrente à altura.
Curiosidades de Sobremesa
1 – Dizem alguns mecânicos que os carros da Lamborghini são melhores que os da Ferrari. Os primeiros não são bons em corridas, porém são melhores gran turismo.
2 – Depois de passar algumas décadas mal das pernas, a empresa foi comprada por um grupo indonésio em 1994. Eles devolveram à Lamborghini o merecido status de fabricante de carros de luxo, lançando modelos novos e melhores do Diablo. Mais tarde comprada pela Audi, a montadora voltou com tudo com o muito conhecido Murciélago.
3 – O logo da marca é composto por um touro amarelo num fundo preto (contrário da Ferrari). Dizem que Ferruccio gostava muito de touradas, por isso a escolha. Outros afirmam que ele era do signo de touro. De qualquer forma, muitos dos modelos de veículos da empresa têm nomes de touros famosos.
MAZDA – Japão. Automóveis. 1920.
Durante a Primeira Guerra Mundial o Japão passou a não receber mais cortiça importada da Europa. Alguns empresários então organizaram uma empresa chamada Toyo Cork Kogyo com o intuito de fabricar esse produto e vendê-lo no mercado interno. Quando a guerra acabou, a cortiça européia voltou ao Japão e, como tinha mais qualidade, a Toyo Cork Kogyo entrou em dificuldades.Naquela época o presidente da companhia, Jujiro Matsuda, tinha uma missão dura: reerguer o negócio, praticamente falido. Com o último capital que possuía, ele trocou de ramo, substituindo a cortiça pela manufatura de peças para carros. A manobra funcionou e em 1931 eles já construíam seus próprios veículos.
O nome do primeiro modelo, obviamente, foi uma homenagem ao corajoso presidente que tinha salvado a empresa. Seu sobrenome, Matsuda, pronuncia-se “matsda” em japonês, sendo o som do ts parecido com o som de Z. Visando as exportações, esse ts foi realmente substituído pelo Z, para ficar mais fácil de ser lido pelo consumidor estrangeiro. Surgia o Mazda, sucesso de vendas que mais tarde, em 1984, iria se tornar também a marca da companhia.
Curiosidades de Sobremesa
1 – A palavra mazda também se refere a um deus do zoroastrismo.
2 – Jujiro Matsuda é o vigésimo filho de um pai pescador e mãe dona de casa. O pai morreu cedo, quando ele tinha 13 anos. Gênio que era, aos 19 já era dono de uma empresa com 50 funcionários.
3 – O Mazda-go, primeiro modelo de carro da companhia, é um veículo com três eixos.
4 – O logo da marca é uma tulipa estilizada, mas também um V que toca as bordas e se transforma num M de Mazda.
CADILLAC – Estados Unidos. Automóveis. 1902.
Lembra do fundador da Ford, o Henry Ford? Pois é, pouca gente sabe que a primeira empresa dele se chamava Detroit Automobile Company. Foi um negócio que deu muito certo, lhe dando bastante dinheiro, o suficiente para sustentar, junto com outros sócios, a abertura de uma outra fábrica. Mas esse novo empreendimento, chamado de Henry Ford Company, não fez sucesso e acabou falindo em 1902.Os sócios se reuniram e ficou decidido que a empresa seria vendida e o dinheiro arrecadado seria dividido. Eles então contrataram um cara chamado Henry Leland para avaliar os equipamentos da fábrica. O caso é que o tal Leland era cheio de opiniões e tentou convencer os empresários a não venderem a companhia. Ford achou bobagem, não via futuro ali. Porém, seus parceiros apostaram mais uma vez e continuaram com as portas abertas.
Uma vez que Ford pulou fora, o nome da empresa teve que mudar. Foi então escolhido um termo associado ao explorador francês Antoine Laumet La Mothe, mais conhecido como o Senhor de Cadillac. Foi ele o responsável pela fundação da cidade de Detroit, nos Estados Unidos. Detroit, como todos sabem, é o berço da indústria automotiva americana, local de fundação da Ford.
O risco deu retorno e a Cadillac se firmou no mercado. Sete anos depois de sua fundação, em 1907, a companhia foi comprada pela General Motors, à qual pertence até hoje. Seus modelos são famosos pela beleza e potência do motor. O Cadillac Sixteen por exemplo, um dos carros conceito lançados pela marca, tem 1000 cavalos de potência e motor V-16.
Curiosidades de Sobremesa
1 – Cadillac também é o nome de uma cidade da França, local de origem de Antoine Laumet La Mothe.
2 – O Cadillac traseira tipo rabo-de-peixe é um dos designs automobilísticos mais famosos.
3 – Achei escroto isso: a casa na qual Antoine morreu, em Montreal, no Canadá, é hoje um Mcdonald´s.
4 – O logo da marca é baseado no brasão da família de Antoine Laumet La Mothe.
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