Jeep, Faber-Castell e 51

JEEP – Estados Unidos. Automóveis. 1940.

jeep_logoBoa parte das pessoas já teve o desejo de pegar um carro e sair pelo mundo sem destino certo. Hollywood alimenta bastante esse clichê. Quando alguém quer mudar de vida, pega o carro e sai viajando pelo país, no melhor estilo Thelma e Louise. Eu confesso que também tenho esse desejo: sem data para voltar, bastante grana no banco e um roteiro bem abrangente e flexível. Para completar, um carro grande, confortável e resistente, daqueles que encaram asfalto e terra numa boa. O mercado de automóveis oferece diversas opções, mas certamente eu cogitaria escolher um Jeep. Isso se eu tivesse grana, é claro. 

A história da marca começa em 1940. Mais uma vez, os EUA viam os países da Europa entrarem em guerra. Preocupado com a possibilidade do país ter que entrar no conflito, o governo norte-americano iniciou uma série de projetos para reequipar as Forças Armadas. Um desses planos visava construir um carro leve para transportar soldados e carga, um veículo com boa tração e capaz de ser montado rapidamente.

Com essas características em mente, a Comissão de Aconselhamento da Defesa Nacional dos EUA, então liderada por William S. Knudsen (ex-presidente da GM), convidou todas as montadoras dos Estados Unidos a apresentarem projetos. Das 135 fábricas de veículos, só a American Bantam Car Company aceitou prontamente o desafio.

Sob a gerência do engenheiro Karl Probst, a missão da Bantam era dura: eles deveriam apresentar o projeto de um carro que pudesse ficar pronto em apenas 49 dias. Além disso, o veículo tinha que atender a uma série de especificações, entre as quais ter capacidade de carga de 272 quilos e um motor com potência de 11,75 kgf/m. Ao contrário do que se esperava, Karl Probst e a Bantam cumpriram a tarefa, mesmo que apenas meia hora antes do prazo final.

bantamFoi apresentado ao exército o Bantam MK II, protótipo que já tinha muitas das características do que mais tarde se tornou o Jeep.

Os militares gostaram e tudo parecia ir bem para a Bantam. No entanto, o governo dos EUA achava que podia aprimorar mais o carro se outras montadoras pudessem apresentar modelos também, agora com prazo maior.

Pegaram então o protótipo da Bantam e ofereceram os detalhes do projeto para outras duas companhias, a Willys-Overland e a Ford.

Baseadas no trabalho da Bantam (e de Probst), a Willys e a Ford apresentaram seus próprios protótipos, o Willys Quad e o Ford Pigmy, respectivamente.

O exército então colocou os três protótipos em teste. Por causa de seu motor com melhor desempenho, o vencedor foi o Willys Quad. Em 1941 o modelo passou a ser fabricado em massa.

Porém, e quanto ao nome Jeep? Diversas teorias tentam explicar, mas duas são mais reconhecidas. A primeira fala que o exército usava o termo “general purpose” (uso geral) para denominar o tipo de veículo como o Jeep. A pronúncia em inglês das letras GP soa como “gípí”, algo como jeep.

eugeneA segunda tese afirma que o nome surgiu baseado no personagem do Popeye “Eugene the Jeep”, muito popular na época. Eugene era um amigo de Popeye que, apesar de pequeno, podia ficar invisível e ajudava sempre que necessário. Os soldados teriam associado essas características ao veículo, surgindo assim o apelido.

Curiosidades de Sobremesa

1 – Dizem que Karl Probst não recebeu qualquer remuneração pelo seu projeto do Willys MB. Outros dizem também que na verdade não foi ele quem inventou o Jeep. Um homem chamado Harold Crist (gerente da Bantam) seria o real “pai” do veículo. Já outra linha de argumentação afirma que os dois construíram o carro juntos.

2 – Depois da guerra, o Jeep tornou-se um carro civil, usado principalmente por fazendeiros em virtude de sua durabilidade.

3 – 700.000 Jeep’s foram usados durante a II Guerra Mundial. Eles foram um fator determinante para que os Aliados vencessem o conflito.

4 – Alguém aí pode me dar uma Grand Cherokee de presente?

5 – A II Guerra Mundial é o evento que mais influenciou o contexto histórico atual, em todos os seus aspectos. Desde a criação da ONU, passando pela criação da bomba atômica e do computador, e até do Rock and Roll.

6 – A idéia de construção do Jeep pelas Forças Armadas dos EUA surgiu depois que os militares americanos viram os alemães usando um veículo chamado Kübelwagen. Criado pela Volkswagen e com projeto de Ferdinand Porsche, esse carro foi essencial nos primeiros combates vencidos por Hitler.

7 – O início da fabricação do Jeep prova que os EUA certamente entrariam na II Guerra Mundial, independente do ataque japonês a Pearl Harbor, desculpa comumente usada para o ingresso dos yankees no conflito.

8 – Apesar da Willys ter ganhado a concorrência, os primeiros Jeep’s fabricados em massa eram montados na fábrica da Ford, com a devida licença da Willys, é claro.

9 – Uma terceira teoria atribuiu o surgimento do termo jeep à Ford. Nos modelos que fabricava, a empresa colocava as letras GP. No entanto, elas não significavam general purpose. Eram na verdade uma sigla para government, pois era um carro fabricado para o governo, e a letra P era um dado técnico, relacionada à distância entre os eixos do veículo.

 

FABER-CASTELL – Alemanha. Lápis. 1761.

“Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo, e com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo…” Você pode até não saber toda a letra da música, mas tenho certeza de que não pode deixar de associá-la à propaganda da Faber-Castell. Há mais de 200 anos o marceneiro Kaspar Faber fabricou seu primeiro lápis, iniciando a história da empresa. Depois de quatro gerações de empreendedores, o bisneto de Kaspar, o senhor Lothar von Faber, passou a administrar a fábrica. Lothar teve só um filho (Wilhem), que logo assumiu os negócios da família. Wilhem por sua vez deu origem a outros cinco herdeiros, dos quais os únicos dois meninos morreram ainda muito jovens.

O próprio Wilhem morreu cedo, fazendo com que seu pai Lothar voltasse a cuidar da empresa. O nome atual da companhia, no entanto, surgiu apenas em 1898, quando Ottilie von Faber, filha de Wilhem e neta de Lothar, casou-se com o conde Alexander zu Castell-Rüdenhausen. Antes de morrer, Lothar deixou em seu testamento o desejo de preservar seu sobrenome, uma vez que a neta o perderia ao casar-se com Alexander. Sendo assim, foi criado o sobrenome Faber-Castell, denominação que atendeu ao pedido de Lothan e tornou-se o novo nome da companhia.

Curiosidades de Sobremesa

anton1 – A Faber-Castell permanece até hoje nas mãos da mesma família. São 247 anos de trajetória, formando um dos grupos industriais mais antigos do mundo. Atualmente é dirigida por Anton Wolfgang von Faber-Castell, da oitava geração do clã.

2 – Lothar von Faber foi um dos responsáveis por propor a primeira lei de proteção de marcas registradas na Alemanha.

3 – Em 1905 a empresa lançou o lápis Castell 9000. Esse produto praticamente criou todos os padrões de material, tamanho e maneira de produção dos lápis fabricados dali para frente.

4 – Foi nele que pela primeira vez o logo da Faber-Castell apareceu. Era um desenho de dois cavaleiros lutando, cada um segurando um lápis.

5 – A Faber-Castell produz 2 bilhões de lápis por ano.

6 – A campanha publicitária da empresa com a música “Aquarela” foi ao ar pela primeira vez em 1983.

7 – Aliás, você já ouviu essa música toda? Ela foi escrita por Vinícius de Moraes e Toquinho. Tem uma letra fantástica, fala sobre a imprevisibilidade da vida.

 

51 – Brasil. Cachaça. 1951.

Disse certa vez o grande Zeca Pagodinho, antigo pivô de uma briga publicitária entre cervejarias: a cerveja e a cachaça são os piores inimigos do homem. Mas o homem que foge dos seus inimigos é um covarde. Mas já vimos que misturar cantor de pagode com cerveja não dá certo. Portanto, falemos de cachaça.

Quando o assunto é marca, a bebida símbolo do Brasil tem como maior expoente a Cachaça 51. A origem do nome tem várias explicações, muitas delas apenas lendas. Uma das principais afirma que a bebida se chama 51 por causa da superstição de seus primeiros produtores, que sempre armazenavam a melhor aguardente da safra no mesmo barril, o de número 51.

Outra lenda diz que um mendigo da cidade de Pirassununga (SP), lugar de fundação da marca, conseguiu beber num único dia 50 doses da cachaça, dando a qüinquagésima primeira talagada para o santo. No entanto, lendas à parte, a explicação verdadeira é mais simples do que se imagina. O nome da cachaça é 51 porque ela foi produzida pela primeira vez em 1951.

Curiosidades de Sobremesa

1 – Você sabe a diferença entre cachaça, aguardente, pinga e caninha? Então, vamos ao dicionário. Cachaça é um produto exclusivo da destilação da cana-de-açúcar fermentada. Já a aguardente é uma bebida obtida pela destilação da cana-de-açúcar, mas também do vinho, do bagaço de uvas, de cereais, raízes, tubérculos, frutos e quaisquer outros vegetais doces. Por isso podemos dizer que a cachaça é uma aguardente de cana-de-açúcar. Pinga é sinônimo de cachaça, assim como caninha.

2 – O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa registra quase 400 sinônimos da palavra cachaça. São termos regionais, que incluem guarupada, suor-de-cana-torta, champanha-da-terra, xarope-dos-bebos e cobertor-de-pobre.

3 – A marca 51 pertence à empresa Companhia Muller de Bebidas.

 

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Eduardo Nicholas