A maior fabricante de produtos homeopáticos no mundo, presente em 59 países e com vendas anuais superiores a meio bilhão de dólares, exigiu que o italiano Samuele Riva removesse “em 24h” dois textos em que ousou ilustrar um produto da indústria com as legendas de que ele “não contém uma única molécula de substância ativa” e assim “ataca gravamente a inteligência (do consumidor)“.
De acordo com o British Medical Journal, a empresa também ameaçou o provedor que hospeda o blog de Riva, exigindo igualmente que bloqueasse acesso aos artigos.
O caso ilustra como a homeopatia não é a alternativa desinteressada em lucros que seus apologistas costumam vender.
Pode sim ser uma indústria pequena comparada com as gigantes do setor farmacêutico, mas então, é também um nicho diferente: investe vinte vezes mais em marketing do que em pesquisa. Afinal, os princípios homeopáticos são dogmas estabelecidos há séculos e que permanecem sem comprovação científica até hoje.
Alguns podem considerar que o caso demonstre apenas que “essa indústria não pratica homeopatia de verdade“, assim como horóscopos de jornal “não são astrologia de verdade“, recorrendo a uma falácia. No Brasil, quando anunciamos nossa participação no protesto mundial ingerindo uma “overdose” homeopática, a presidente da Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas divulgou nota sugerindo que o ato de livre manifestação podia ser um “crime” a ser “impedido pelas autoridades“.
Negócios, negócios, ciência à parte. [Acompanhe o desenrolar da história no blog de Riva e em Esowatch]