Na busca pelo céu mais escuro no planeta Terra, astrônomos produziram esta imagem composta do céu dos dois hemisférios opostos, delineado por um tênue “S” lembrando o Taijitu que ilustra o conceito de Yin Yang. Apreciar mais outra poesia do real, na continuação.
A imagem começa com a iniciativa de Stéphane Guisard de tentar capturar o céu mais escuro. Para isso, teve antes de mais nada que se distanciar da poluição luminosa das cidades, situando-se no deserto do Atacama próximo do Observatório Paranal no Chile. Afastada a luz artificial, mesmo a luz celeste de astros como a própria Lua — fotografando durante a lua nova — ou a das bilhões de estrelas da tal de Via Láctea — capturada na linha do horizonte, para que as montanhas a bloqueassem — foi levada em conta.
Com o céu mais escuro das Américas, representando todo o hemisfério sul, fenômenos que comumente passam despercebidos se destacam, incluindo o tênue arco através do céu. Não é a Via Láctea, que como vimos, está próxima do horizonte. É um brilho ainda mais delicado, relacionado com a luz zodiacal, conhecido como gegenschein. É o brilho de uma fina nuvem de partículas estendendo-se ao longo do plano em que os planetas giram ao redor do sol, refletindo a luz do mesmo astro-rei.
Se você visitar a página de Guisard, role para a metade e navegue pelo panorama interativo. Se dirigir seu olhar virtual para cima, ao zênite, verá a linha do gegenschein não como um arco, mas como uma linha riscando o céu, o que torna mais fácil visualizar e situar-se neste literal plano cósmico. É o plano aproximado em que a Terra e os planetas giram.
Inspirado pelo trabalho de Guisard, Tunç Tezel capturou a contraparte do hemisfério norte, em La Palma, nas Ilhas Canárias, completando a metade oposta do céu, e de todo o Universo, que envolve todo o planeta.
A beleza de compreender esta imagem é compreender que a linha do gegenschein lembrando o Taijitu realmente separa todo o Universo em metades complementares “acima” e “abaixo” (ou vice-versa) do plano que nosso planeta delineia ao orbitar nossa estrela. São Yin e Yang reais, não só representando, como de fato sendo tudo aquilo que existe.
E o mais bacana? Tudo isso se delineia sobre nossas cabeças a todo o momento, não apenas de noite, como de dia. Só não podemos vê-lo por causa da luz do Sol, ou à noite pela luz lunar, da própria Via Láctea ou de nossas cidades. Na melhor tradição taoísta, apenas o céu mais escuro permite ver este brilho. [via APOD]