Um jovem Príncipe ansiava por assumir o trono, mas o Rei ainda duvidava de sua competência para governar. A fim de testar as capacidades do filho, o velho monarca prometeu lhe conceder imediatamente o reino caso ele respondesse corretamente a três questões. O Príncipe aceitou a proposta com tanta certeza de sucesso que não cogitou perder. Ouviu atentamente as perguntas do pai:
Rei: como se adquire o verdadeiro conhecimento?
Príncipe: por meio dos livros e dos sábios.
Rei: como se exerce influência sobre os súditos?
Príncipe: usando o dinheiro e o poder que ele proporciona.
Rei: qual é o reino mais perfeito que existe?
Príncipe: certamente é o nosso.
Muito decepcionado, o soberano abraçou o filho e lhe disse que nenhuma das respostas estava correta.
Príncipe: o que queres que eu faça agora que não fui capaz de passar no teu teste?
O pai ordenou que o filho viajasse por três anos ininterruptos. Deu-lhe um pouco de dinheiro e prometeu que o reino seria dele quando voltasse. Mesmo contrariado, o Príncipe aceitou as ordens de seu Rei e partiu sozinho para conhecer o mundo. Na estrada observou a vida das pessoas comuns e agradeceu sua sorte pela vida que tinha no palácio. Quando o dinheiro acabou precisou aprender a convencer qualquer um que pudesse lhe ajudar. Usava sua retórica para cativar amizades. Contou com a solidariedade de desconhecidos e mesmo com poucas condições também conseguiu ajudar os outros. Viu com os próprios olhos reinos melhores e maiores que o dele. Viu também lugares muito pobres e pouco desenvolvidos. Um dia voltou ao reino.Foi recebido com alegria, mas via-se que estava mudado. Seu pai refez as mesmas perguntas:
Rei: como se adquire o verdadeiro conhecimento?
Príncipe: por meio dos livros e dos sábios, mas principalmente através da experiência.
Rei: como se exerce influência sobre os súditos?
Príncipe: usando o conhecimento e sabedoria, as únicas virtudes capazes de realmente cativar as pessoas.
Rei: qual é o reino mais perfeito que existe?
Príncipe: não existe reino perfeito. Mesmo os maiores e mais ricos têm problemas, mesmo os menores e mais pobres possuem virtudes.
O Rei então deu um longo abraço no filho. “Está preparado para ser um soberano”, disse orgulhoso. Para surpresa de todos o Príncipe respondeu:
Príncipe: me perdoe meu pai, apenas voltei para me despedir. Hoje sou um homem livre por causa das lições que aprendi e sendo livre não posso me estabelecer aqui. Tornei-me um viajante. Agora não há trono que possa substituir a experiência de conhecer o mundo. A estrada é o meu lar.
O Príncipe beijou o rosto do pai e partiu sem olhar para trás. Não reivindicou dinheiro ou qualquer posse. Já tinha tudo o que precisava. Em vez de tornar-se o soberano de um único reino, viajar acabou tornando-o soberano do mundo todo.
Um grande abraço!
Pedro Schmaus