O Céu, o Inferno e Teodora

Olá crianças,

Dando continuidade à série “Queima ele Jesus!”, falaremos sobre mais alguns séculos de curiosidades a respeito das origens obscuras da Igreja Católica e a influência que isto tem em nossas vidas. Para quem pegou o bonde andando, recomendo ler estes posts AQUI, AQUI e AQUI para acompanhar o desenrolar de nossa história.

Na próxima coluna, explicaremos como os antigos sacerdotes pagãos, alquimistas e ocultistas faziam (e fazem) para ocultar informações secretas debaixo das barbas dos Inquisidores sem despertar suspeitas.


Como eu havia dito anteriormente, o papa Marcos I, que também foi considerado um poeta, começou a compilar a lista de bispos e mártires que se ajustassem aos interesses da Igreja Roma. Ele permaneceu no cargo apenas nove meses até seu falecimento (é o que chamamos de “papa de transição”), sendo substituído pelo 35º papa, Júlio I.
Júlio I, assim como os primeiros “papas” oficializados por Constantino, era um tremendo fingidor. Finge que comemora o nascimento de Jesus no dia 25 de Dezembro apenas para agradar às massas, pois a festa do Solis Invictus já era comemorada há pelo menos 500 anos nesta data (mas, através da “fé” acaba convencendo tão completamente as pessoas que até os dias de hoje tem gente acreditando mesmo que Jesus nasceu neste dia). Ele provavelmente gostou da idéia, pois é em seu comando que o primeiro calendário com as festas católicas começa a ser elaborado (e adivinhem se cada data “coincidentemente” não chega a cair exatamente sobre as festas pagãs?).

O próximo papa chama-se Libério. Depois de fingir que fazia parte de uma seita ariana durante alguns anos (Arianismo é considerado mais uma heresia, pode adicionar na nossa lista), Libério retorna a Roma e vira a casaca, passando a perseguí-los. Neste meio tempo, instauram um antipapa chamado Félix II (um antipapa é como um vilão dos quadrinhos… é alguém que também se intitula papa ao mesmo tempo que o outro cardeal e surge uma cisma. O vencedor da disputa acaba virando o papa e o perdedor conhece a dor dos hereges e excomungados).
São Damaso I assume o cargo em 366 DC. Neste ponto, Constantino estava no auge de seu poder, coordenando a “Reestruturação do cristianismo segundo as doutrinas de Roma” (leia-se causar muita dor em qualquer seguidor de Yeshua que não concorde em seguir o Jesus-Apolo de Constantino). Damaso é conhecido por coordenar a “tradução” da bíblia e compilação dos capítulos e trechos que interessavam deveras ao Pontifex Maximus (líder da religião pagã em Roma). Em 376, o Imperador Graziano recusa este título, entregando-o para o papa, que sente o acumular do poder sobre os cristãos e sobre os pagões ao mesmo tempo!!!

Em 384 entra São Sirício, que instituiu o celibato para padres, bispos e para os cardeais. A razão para isto é que quando um padre falecia, a Igreja precisava tomar conta de sua esposa e filhos e o papado não desejava abrir os cofres sagrados pagando pensões a viúvas e filhos. É importante lembrar que naquele período não existia “salário” para padres e pastores; todas as suas contas eram pagas pela igreja (mais ou menos como os pastores evangélicos fazem hoje em dia). Também foi responsável pela equipe de tradução que lêem e traduzem para o clero os textos que chegam das seitas devastadas.

Anastásio I ficou no poder de 399 DC a 401 DC e escreve uma bula exigindo que os sacerdotes ficassem de pé na missa durante a leitura dos evangelhos (exceto se isto lhes causasse dor ou desconforto durante a lida); Inocêncio I assume o papado em 401 DC para logo em seguida Roma ser saqueada pelos Visigodos. Zózimo I assume o papado após sua morte, em 417, continuando a guerra contra a heresia do Pelagianismo (o Pelagianismo é a doutrina que diz que as pessoas vão para o céu se forem boas pessoas, independentes de “aceitarem Jesus” ou não). Esta briga entre os que pregavam a “salvação pelos atos” versus os que pregavam a “salvação apenas através da Igreja católica” ainda duraria muitos e muitos anos. Bonifácio I, Celestino I e Sisto III sentem bem as discussões com os antipapas e com outros heréticos.
Leão I, o 45º papa, conhecido como “Magno”, não teve um papado fácil. Assumiu o trono entre 440 e 461 e neste período, Roma foi saqueada pelos hunos e pelos vândalos. Mas este foi um papa macho, mesmo com as duas invasões que ele teve de passar. Há relatos que, quando Átila o huno estava causando no ocidente, o papa montou um exército e foi até Mântua para negociar um acordo de paz com o velho Átila… todos achavam que o papa seria trucidado, mas ele conseguiu!

Em 461 assume o papa Hilário I. Ele Estabeleceu que para ser sacerdote era necessário possuir uma profunda cultura e que pontífices e bispos não podiam designar seus sucessores. Hilarus era o deus pagão da alegria. Achei curioso o papa adotar um nome pagão, se todos os pagões são satanistas pelos próprios critérios da Igreja… o que nos demonstra que até aquele momento há uma tolerância em relação aos deuses romanos, que como veremos daqui a pouco, ficará cada vez menor.
Durante seu pontifado ocorre a Queda do Império Romano. Definitivamente a Igreja de Roma não achou isso muito hilariante. Em 483 assume Félix III (ou Félix II, dependendo se você vai contar o anti-papa Félix II ou não). Para quem ficou curioso, ao todo existiram 39 anti-papas reconhecidos.

Além de Felix II, aparecem outros cardeais desafiando o papado. Felix alega que eles não têm direito sobre a cadeira de Pedro. E assim, excomunhões de ambos os lados e muitos envenenamentos depois, Gelásio I assume a cadeira de Roma. No meio de anti-papas e hereges (em seu papado enfrentou o Maniqueísmo, Arianismo e pelagianismo), como primeiro ato, declara que a figura do papa não poderia mais ser julgada por ninguém. Isto estabelece as bases da famigerada “Infabilidade papal” ou em outras palavras: “eu estou certo e vocês vão parar nas calhas de roda” (o costume da fogueira ainda estava sendo absorvido dos celtas, que queimavam seus inimigos em grandes bonecos de palha chamados Wicker Man). Gelásio também absorveu a “Gira (festa) de São Valentin”, transformando os bacanais pagãos em algo mais palatável à moral e aos bons costumes, que chamamos hoje de “dia dos namorados” (comemorado dia 14 de fevereiro).
Anastácio I tentou converter os francos e aquele povo pacífico que morava no sul da França e cultuava a Madonna Negra. Foi o primeiro a considerar a imagem blasfema. Dante Aliguieri (um iniciado) o coloca no Inferno em seu poema “Divina Comédia” por isso.
Em 498, com o falecimento de Anastácio, dois papas começam a disputar o papado. Símaco e Lourenço possuíam igual poder político e as guerras escalaram para um estado tal de violência que decidiram chamar o rei Teodorico (que era pagão) para decidir quem deveria ser o papa. Isso é tão absurdo quanto hoje em dia chamar o Richard Dawkins para decidir quem deveria ser o papa em caso de empate.
Os dois papas foram chamados a entreter o rei com promessas e, no final do concílio, Teodorico decide que quem tinha o maior número de votos deveria ser o papa (ah… a razão!).
Nos anos seguintes, o comboio de papas formados por Símaco (498-514), Hormisdas (514-523) e João I (523-526) enfrentou todo tipo de problemas com hereges, antipapas e cismas, especialmente a de Acácio, Patriarca de Constantinopla, que estava causando com a corda toda no Oriente.
A decisão mais importante que tiveram foi a de proibir a compra do cargo de bispo com donativos e favores, pelo fim da simonia e para tentar colocar um pouco de ordem na bagunça política do Vaticano.

Felix IV (ou III, dependendo da lista) durou pouco no papado. O 54º papa tinha uma vida mais promíscua que o Clube 54 e o rei Ostrogodo o manteve completamente isolado politicamente. Quando ele morreu, Bonifácio II (que “coincidentemente” foi o primeiro papa de origem Germânica) assumiu, sob as bênçãos do rei germânico. É o que se chama “papa do coração”! Por alguma estranha razão, o novo papa estava totalmente alinhado com os gostos do Imperador e, talvez por esta estranha coincidência, tenha durado bastante no trono.

Em 533 assumiu o papa Mercúrio I… Mercúrio I ? Não nesta vida. Claro que o nome foi trocado imediatamente para João II, sendo ele o primeiro papa a não adotar seu nome de batismo. João II regularizou as eleições dos papas.
O papa Agapito I durou pouco tempo. Eleito pelo Imperador do Ocidente, viajou até Constantinopla para tentar impedir Justiniano de atacar a Itália. Foi recebido em um banquete em que morreu envenenado por ordem de Teodora, esposa do Imperador. Anote este nome: “Teodora”: ela terá influência definitiva para o cristianismo em alguns instantes… (sou fã de garotas como Teodora, Marosia e Lucrecia… )
Silvério, que era filho do papa Hormisdas (sim, você leu certo… FILHO do papa Hormisdas), foi indicado pelo rei dos godos, chamado Teodato, como sucessor de Agapito I, em contrapartida a Vigílio, que era o favorito de Teodora. Não sou vidente, mas poderia prever que, em um ano, Teodato foi morto, Silvério foi martirizado e Vigilio tornou-se papa. Como disse… Teodora é “gente que faz”.
Justiniano também precisou convocar um Concílio para lidar com outra heresia, a da Reencarnação. Vigilio não concordava com a criação deste concílio. Foi exilado e morreu. Teodora é gente que faz!

O Céu e o Inferno
Antes de prosseguir, vamos analisar como estava o contexto da Europa naquele período: de um lado estavam os Helenistas, que tinham a crença em um Reino subterrâneo (Hades) e um Reino Celestial dos Deuses (Olimpo). Para o ocultismo, estas alegorias representam os estados vibratórios do Astral, desde os Reinos mais baixos do Umbral (onde residem os kiumbas, goécios e toda sorte de entidades que convencionou chamar de “demônios”) até os reinos mais elevados e sutis do Astral. Já os seguidores de Yeshua pregavam a reencarnação (budistas, essênios, cristãos de languedoc, druidas, hereges, etc.) que trabalha com o conceito de Roda de Reencarnações, Livre arbítrio e Karma.

O concílio deveria decidir um único critério para ser imposto em toda a Igreja “oficial” cristã. Justiniano (na verdade, Teodora) é quem estava organizando os convidados. Desta maneira, praticamente todos os convidados eram bispos ortodoxos e escolhidos a dedo pelo Imperador.

Teodora era a filha do domador de ursos da cidade. Desde cedo fez grande carreira como cortesã e conseguiu que o Imperador Justiniano se apaixonasse perdidamente por ela. Quando se tornou Imperatriz, mandou executar 500 de suas ex-companheiras de labuta, entre escravas, prostitutas e sacerdotisas pagãs. Escravocrata e extremamente cruel, Teodora, quando aprendeu a doutrina essênia, ficou com muito medo de reencarnar como uma escrava negra e ordenou a Justiniano que revisse os códigos canônicos “para que aquilo nunca pudesse ocorrer”.
Depois de um concílio totalmente fanfarrão, votou-se que a versão oficial da Igreja seria a Helenista, baseando-se em conceitos de “Céu” e “Inferno” adaptados catolicamente do Hades e Olimpo, com uma diferença: pela imposição de Teodora, não haveria “reencarnação”. Seria possível simplesmente finalizar o que quer que você tenha feito na Terra e subir aos céus se tivesse os contatos certos.

Neste concílio, oficializaram e estruturaram também uma das idéias mais geniais (e a ÚNICA original) da Igreja cristita, que são as Indulgências. Funciona assim: você paga e compra o seu lugar no céu. Mas nada de dar cheques sem fundos, heim? (ou a IURD bota você no SPC-Serasa)!

É neste período da história que Deus passa a ter a imagem antropomórfica de “velhinho barbudo que fica sentado em um trono sobre as nuvens”, o diabo assume a forma dos deuses pagãos (o tridente, o deus-chifrudo, as patas de bode e por ai vai – mas já falamos sobre isso AQUI, AQUI , AQUI e AQUI).

Então… graças a uma prostituta louca, assassina e racista, os católicos / evangélicos / cristitas acreditam que passarão a eternidade ao lado de anjinhos nas nuvens cantando glória a Deus ou ficarão para sempre nas garras do coisa-ruim, ardendo nos mármores do inferno. Teodora é gente que faz!

As repercussões do II Concílio de Constantinopla
Após o Concílio, o 60º papa escolhido por Justiniano foi Pelágio I, que deu continuidade às novas diretrizes. Em 561 assume João III, em 575 assume Bento I, em 579 Pelágio II e em 590 finalmente senta no trono de Pedro ninguém menos do que São Gregório Magno!!!

São Gregório Magno é responsável por duas coisas extremamente significativas na história da Igreja: a primeira é ter difundido os Cânticos Gregorianos.
O segundo foi ter “oficializado” Maria Madalena como sendo uma prostituta. No sermão de páscoa de 591, ele lançou ferozes ataques contra Madalena e contra seus seguidores (todo o povo do Sul da França). Os atritos de Languedoc com a Igreja Católica estavam longe de terminar, mas é importante conhecer as RAZÕES pela qual a Igreja inventou esta deturpação… eles queriam minar a influência de Madalena, esposa de Jesus, no sul da França da mesma maneira que queriam minar a influência dos outros deuses nas outras culturas.

Enquanto a dança dos papas para convencer os Europeus que a religião deles era a correta continuava, em 570 DC nascia na cidade de Meca ninguém menos do que Abu al-Qasim Muhammad ibn ‘Abd Allah ibn ‘Abd al-Muttalib ibn Hashim.

Semana que vem: Só há um Deus e Maomé é seu profeta!

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