Senta que lá vem a melhor banda de 2010 até o momento.
Falo do Delphic, trio de electro-indie-festeiro vindo de Manchester – uma cidade que deu ao mundo mais de 140 bandas entre elas Stone Roses e Joy Division.
Após sobreviver ao hype dos primeiros singles, em 2009, o Delphic se prepara para lançar o disco de estréia. Ele chega oficialmente na gringa dia 10 de janeiro mas já está rodando nos players ansiosos há semanas.
O álbum chama-se Acolyte, que é a denominação inglesa para coroinha. Você sabe, aquele sujeito que fica na assistência ao padre acendendo velas e ajudando em missas.
O nome é apropriadíssimo se você considerar como uma experiência espiritual a longa música (08:51) que nomeia o álbum e o fato de que no começo da carreira eles se juntavam para realizar as próprias raves, secretas, e faziam música eletronica com baterias, guitarras e synths.
Dono de um electro pop que passeia sem medo pelo riffs indies e pelo acid house – em uma clara homenagem aos tempos de Factory House e Hacienda (mais sobre esse assunto, no clássico cult 24 Hour People)-, o trio já esteve em festivais mais roqueiros como T in the Park e eletrônicos, como Creamfields. Não bastasse, o Delphic abriu shows de Orbital, expoentes da cena eletrônica, e para Kasabian, defensores do rock britânico.
É difícil escolher o melhor cartão de visitas dos caras mas vamos começar com Doubt apenas porque o clipe é genial e o refrão é o tipo de material grudento que não sai nem com removedor industrial. O único problema é que a música tem uma levada meio Klaxons/Sunshine Underground que não se repete ao longo do disco. Se você ouvir só esta, terá a impressão, -também boa, mas errada sobre a banda. De qualquer forma, vamos lá:
Chega então a hora da épica This Momentary, música de alta tensão comprimida em pouco mais de quatro minutos. Não é preciso uma análise laboratorial para encontrar traços de New Order e Underworld, mas em uma perspectiva refinada e estranhamente menos dançante. A proposta é repetida incansavelmente no refrão: “let’s do something real”.
Se você acompanhar o clipe, e este é um palpite, verá que no momento em que soa como a banda de Ian Curtis (vocalista que se matou por enforcamento) aparece uma corda. É curioso. Mas pode não ser nada. Semiótica de vídeos não é meu forte, perceba.
Anyways, o vídeo – predominante denso e cinza, com seus velhinhos, cenários russos e personagens sérios – recebeu três prêmios no UK Music Video Awards (Fotografia, Edição e Telecine):
No último mês, eles foram uma das quinze apostas da BBC no Sound of 2010. Ou seja, se você sofre de síndrome de underground (passa a desprezar uma banda que chega ao mainstream) recomendo fortemente que os ouça enquanto é tempo.