Para apreciar a Lua, basta esperar uma noite limpa. E para apreciar a Lua a quilômetros de profundidade no gelo antártico, basta observar a radiação produzida por neutrinos.
Neutrinos são partículas capazes de atravessar todo o planeta como se ele mal existisse, e neste exato momento há bilhões deles atravessando seu corpo. Não nos causam nenhum mal, e apenas muito ocasionalmente um deles interrompe seu caminho e interage. Seja com o gelo, seja com a Lua.
A mancha azul que você confere acima é a sombra da Lua detectada a 2,5 quilômetros de profundidade através do observatório IceCube, construído no pólo sul abaixo de bilhões de toneladas de gelo. São os neutrinos faltando daqueles que vêm de todos os cantos do Universo — são os neutrinos que interagiram com a Lua e interromperam seu caminho. Porém, mesmo eles são uma minúscula parcela do total, a enorme maioria continuou sua jornada como se a Lua, a Terra e o gigantesco detector nem estivessem lá. É uma sombra que atravessa planetas inteiros. [via Eureka]